Desde que conquistou o direito de organizar a Copa de 2014, o Brasil teve sete anos para se preparar e se apresentar ao mundo um novo país, moderno, em desenvolvimento, lutando contra a miséria e os problemas sociais. Mas quem vier ao mundial de futebol terá de enfrentar o risco de roubos e assaltos, ataques cibernéticos, problemas nos transportes e manifestações de protesto, adverte a empresa americana de estudos estratégicos, de segurança e defesa Stratfor.
O Brasil já organizou uma Copa do Mundo sem problemas, mas o país mudou profundamente desde 1950, tornando-se a sétima maior economia do mundo. Apesar do desenvolvimento das últimas décadas, luta contra a corrupção e a criminalidade, observa o estudo. A desigualdade social leva a protestos e agitação social que podem desaguar em manifestações de protesto durante o mundial de futebol.
Sem dúvida, manifestantes e criminosos vão aproveitar as oportunidades oferecidas pela Copa. As maiores preocupações de segurança no Brasil com impacto sobre um evento internacional desta magnitude citadas no relatório são homicídios, tráfico de drogas, protestos violentos e pequenos crimes como furtos, roubos e assaltos.
A maior parte destes crimes aconteceu nas favelas, que vários países aconselham seus cidadãos a não visitar. Mas os 600 mil estrangeiros esperados pelo governo movimentando-se pelas 12 cidades-sedes junto com outros 3 milhões de brasileiros torna impossível a tarefa da polícia de proteger estádios, torcedores e o resto da população envolvida com os jogos.
Mesmo sem esperar grandes problemas de segurança nos estádios, a Stratfor teme que os torcedores sejam alvos de furtos, roubos e assaltos. Os criminosos locais vão agir em jogos, festas, rodoviárias, aeroportos, locais turísticos e de entretenimento das cidades-sedes.
Também há risco de brigas de torcedores. As forças de segurança estarão atentas, mas o Brasil é hoje o país no mundo com o maior número de mortes relacionadas ao futebol, com torcidas organizadas que não passam de gangues mal disfarçadas com propósitos evidentemente criminosos.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública será responsável pela supervisão geral do esquema de segurança da Copa, com o apoio dos ministérios da Defesa e da Justiça, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e da Fifa.
O Brasil vai mobilizar 150 mil policiais e soldados para patrulhar a Copa. Outros 20 mil guardas devem ter sido treinados para fazer a segurança interna dos estádios. Cerca de 15 mil voluntários que vão trabalhar de graça para lucro dos patrocinadores da Fifa orientando turistas em aeroportos, portos, metrô, estádios e locais de eventos ligados ao mundial.
Para emergências e problemas de saúde, haverá 10 mil médicos e paramédicos, mais de 530 unidades médicas móveis, 60 hospitais e 70 centros de terapia intensiva. O Ministério da Saúde vai criar um aplicativo para telefones inteligentes com informações sobre hospitais e farmácias, além de doenças e tendências epidemiológicas.
Embora a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá tenha uma presença documentada no Brasil e que a rede terrorista Al Caeda aja na Tríplice Fronteira com o Paraguai e a Argentina, a Stratfor não acredita que comprometam sua atuação no país, onde se beneficiariam do tráfico de armas e de drogas. O risco de terrorismo é considerado baixo.
Mais prováveis são ataques de anarquistas e radicais contra bancos e grandes empresas patrocinadoras da Copa. Mesmo assim, são ameaças menores para quem vier ao Brasil realmente interessado em futebol.
A maior ameaça aos espectadores é realmente o alto nível de criminalidade do Brasil, especialmente roubos e assaltos, que aumentaram substancialmente de acordo com as últimas estatísticas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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