domingo, 30 de abril de 2023

Partido Colorado vence mais uma eleição no Paraguai

A Associação Nacional Republicana, mais conhecida como Partido Colorado, que está no poder desde 1947 no Paraguai, com uma breve interrupção, vence mais uma eleição presidencial, a oitava realizada desde a queda do ditador Alfredo Stroessner, em 14 de fevereiro de 1989. 

Com 99,82% das urnas apuradas, o candidato governista, Santiago Peña, ganha com mais de 1,2 milhão de votos, 42,74% do total, contra 27,48% de Efraín Alegre, do Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) e da Concertação, uma ampla aliança de 40 partidos da esquerda à centro-direita. O Paraguai é o único país da América do Sul com eleição presidencial em turno único.

Nos últimos 75 anos, o Partido Colorado só não governou o país de 2008 a 2012, da eleição ao impeachment do padre Fernando Lugo, um candidato de esquerda que conseguiu galvanizar a oposição, mas depois foi abandonado, inclusive pelo PLRA, e foi alvo de um processo de impeachment de pouco mais de 24 horas, sem o menor direito de defesa. 

Depois da ocupação de uma fazenda de um ex-senador do Partido Colorado por cerca de 100 agricultores sem terra para pedir uma reforma agrária, em maio de 2012, em Curuguaty, a 240 quilômetros de Assunção, a polícia enfrentou os manifestantes para fazer a reintegração de posse. Dezessete pessoas morreram, 11 sem-terra e 6 policiais.

Os policiais alegaram que foram alvos de uma emboscada e acusaram o Exército do Povo Paraguaio, um movimento guerrilheiro, de infiltrar o movimento camponês e o então presidente de apoiar os sem-terra. Em 21 de junho de 2012, o Câmara dos Deputados do Paraguai autorizou a abertura de um julgamento político de Lugo por "mau desempenho de suas funções".

Não houve nenhum inquérito parlamentar sobre o confronto nebuloso na fazenda do ex-senador Blas Riquelme. No dia seguinte, o Senado destituiu Lugo por 39 a 4. Para o ex-ministro da Ação Social Hugo Richert, "o episódio pode ter sido preparado para contar com um motivo perfeito para destituir o presidente."

Então, a grande questão hoje era se o Partido Colorado manteria seu monopólio de poder. Todas as pesquisas recentes previam a vitória de Peña, menos a da AtlasIntel, que dava um empate técnico com pequena vantagem para a Alegre. Era considerada mais confiável porque os outros institutos são de empresários ligados aos colorados.

O presidente eleito, Santiago Peña, de 44 anos, foi ministro da Fazenda no governo de Horácio Cartes (2013-18), o homem mais rico do Paraguai, atualmente presidente do Partido Colorado. Cartes foi acusado pelos Estados Unidos em julho do ano passado de ser "significativamente corrupto".

Durante a campanha, Alegre acusou o grupo de Cartes de governar o país como "uma máfia" e descreveu Peña como seu representante. Cinco empresas de Cartes são alvos de sanções dos EUA, que proibiram sua entrada no país. 

Alegre também acenou com a possibilidade de romper com Taiwan e estabelecer relações com a China para atrair comércio e investimentos. O Paraguai é um dos 13 países que ainda reconhecem Taiwan, o único da América do Sul. Não bastou para derrotar os colorados.

Um terceiro candidato, Paraguayo Cubas, de extrema direita, conquistou quase 23% dos votos, esvaziando a candidatura de oposição. O chamado Bolsonaro paraguaio defende ideias ultranacionalistas, mas não tem apoio nas Forças Armadas, fortemente ancoradas ao Partido Colorado. Durante a ditadura do general Stroessner, para entrar na universidade, no serviço público ou nas Forças Armadas, era preciso ser filiado ao partido do governo.

Cubas era senador. Perdeu o mandato em 2019 por agredir um policial. Chegou a defender a morte de "100 mil bandidos brasileiros", de um total de 2 milhões que disse que vivem no Paraguai.

Este número está errado. O país com mais brasileiros é os EUA (1,9 milhões), seguido por Portugal (275 mil) e Paraguai (246 mil). Os números reais podem ser maiores porque muitos imigrantes não se registram nos consulados brasileiros. Só para comparar, na Argentina, há 90 mil residentes brasileiros.

No discurso da vitória, Peña prometeu combater "a pobreza, a corrupção e a impunidade". Ele toma posse em 15 de agosto para um cumprir um mandato de cinco anos sem direito a reeleição. Alegre reconheceu a derrota terceira derrota consecutiva e pediu à oposição que mantenha a unidade para as próximas eleições.

Em relação ao Mercosul, a posição dos dois candidatos é semelhante. Ambos disseram que os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram bons para o Paraguai.

Por considerar o impeachment de Lugo um golpe, Brasil, Argentina e Uruguai suspenderam a participação do Paraguai no Mercosul. Isto permitiu a entrada da Venezuela sem se adaptar a todas as normas do bloco, que passou a ter caráter mais político do que econômico. A ideia agora é retomar a integração como alavanca para o desenvolvimento.

O Uruguai quer fechar um acordo de livre comércio com a China. Isto não interessa a Brasil e Argentina, que tentam se reindustrializar. Nem ao Paraguai, que também tem a ambição de se industrializar, com a energia abundante das usinas hidrelétricas de Itaipu e Yaciretá, mão de obra barata e um sistema de impostos muito mais simples do que o brasileiro.

Isto tem atraído empresários brasileiros. Inicialmente, eram sobretudo fazendeiros produtores de carne e grãos, os brasiguaios. Hoje há fábricas brasileiras de tecidos e autopeças comparadas às maquiadoras, as empresas norte-americanas instaladas no Norte do México para atuar como montadoras e vender para o mercado dos EUA.

A Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) arrasou o país na Guerra do Paraguai (1864-70), que eles chamam de Guerra Grande, quando 90% da população adulta masculina foi morta. A dívida de guerra só foi perdoada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas.

Com população de 7,3 milhões de habitantes e produto interno bruto estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em US$ 42,8 bilhões em 2023, o Paraguai é o 100º país mais rico do mundo. A expectativa do FMI de crescimento para este ano é de 4,5%, acima das médias mundial (2,8%) e latino-americana (1,6%).

Historicamente, o Brasil tinha saldo comercial positivo no comércio bilateral. Em 2022, as exportações brasileiras para o Paraguai somaram US$ 3,519 bilhões e as importações do país vizinho, US$ 3,636 bilhões, numa corrente de comércio de US$ 7,155 bilhões com saldo negativo para o Brasil de US$ 117,2 milhões.

Neste ano, de janeiro a março, as exportações brasileiras somam US$ 797,8 milhões e as paraguaias, US$ 753,3 milhões, com superávit de US$ 44,5 milhões para o Brasil.

A exportação de energia elétrica representa 37% do que o Paraguai vende ao Brasil, seguida por arroz (9,3%), equipamentos para distribuição de energia elétrica (6,4%), milho (5,7%) e soja (5,5%). O Paraguai importa principalmente máquinas agrícolas e peças (10,1%), veículos (5,4%), adubos e fertilizantes (5,3%) e outros produtos industriais (4,8%).

Daí a importância para o Paraguai da energia gerada por grandes hidrelétricas. O acordo de Itaipu, assinado quando os dois países eram ditaduras militares, faz 50 anos neste ano e deve ser renegociado. O Paraguai ficou anos devendo pela obra e tem direito à metade da energia gerada, mas só pode vendê-la para o Brasil.

Em 2009, no governo Lugo, o presidente Lula concordou em triplicar de US$ 120 milhões para US$ 360 milhões a taxa anual paga ao Paraguai pela energia que o país vizinho não utiliza. Na época, o Paraguai consumia apenas 5% da energia a que tinha direito.

Lula cumprimentou o vencedor e prometeu trabalhar em conjunto por uma América do Sul "com mais união e desenvolvimento".

Hoje na História do Mundo: 30 de Abril

 SUICÍDIO DE HITLER

    Em 1945, com a Segunda Guerra Mundial (1939-45) perdida e o Exército Vermelho da União Soviética avançando em direção a Berlim, o ditador nazista Adolf Hitler se mata em sua fortaleza subterrânea na capital da Alemanha, tomando uma cápsula cianeto e dando um tiro na cabeça.

A guerra começa a virar com a rendição do 6º Exército da Alemanha no fim da Batalha de Stalingrado, em 3 de fevereiro de 1943. A partir daí, na frente oriental, o Exército Vermelho marcha rumo a Berlim.

Os aliados ocidentais começam a invadir a Europa dominada pelo nazifascismo em 10 de julho de 1943 pela Sicília, na Itália. Em 6 de junho de 1944, desembarcam na Normandia, na França.

Diante da derrota inevitável, em julho de 1944, oficiais alemães liderados pelo coronel Claus von Stauffenberg tentam matar o Führer, mas o atentado fracassa e o regime nazista executa 4 mil alemães.

Com a aproximação do Exército Vermelho, em janeiro de 1945, Hitler se refugia no seu bunker, situado no subsolo, 17 metros abaixo da Chancelaria, a sede do governo alemão. A fortaleza subterrânea tem 18 peças, água corrente e energia elétrica independentes.

Lá, Hitler despacha regularmente com seus principais subordinados, Heinrich Himmler, ministro do Interior, comandante militar da SS, a tropa de choque do Partido Nazista, e da polícia política Gestapo, e comandante do Exército da Reserva; e Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda nazista e sucessor de Hitler.

Um dia antes do suicídio, Hitler se casa com sua amante, Eva Braun.

sábado, 29 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 29 de Abril

PROTESTO ANTIRRACISTA EXPLODE EM LOS ANGELES 

    Em 1992, depois que a Justiça absolve quatro policiais que espancaram o motorista negro Rodney King, uma onda de protestos contra o racismo e a violência policial irrompe no Centro-Sul de  Los Angeles, a segunda maior cidade dos Estados Unidos, com saques, depredações, ataques a motoristas e mais de 100 incêndios.

King está em liberdade condicional, em 3 de março de 1991, quando é perseguido pela polícia em alta velocidade até se render, bêbado. Como não se mostra disposto a colaborar com a polícia, é brutalmente espancado pelos policiais Laurence Powell, Theodore Briseno e Timothy Wind.

De um edifício próximo, um cidadão gravou as cenas de violência num vídeo de um minuto e 29 segundos. Entregue a jornalistas, deflagrou um debate sobre racismo institucional e violência policial.

Rodney King é liberado sem qualquer acusação. Os três agentes e o sargento Stacey Koon, que comandava a ação, são levados a júri popular.

Diante da comoção social, o caso é levado para Simi Valley, no Condado de Ventura. Em 29 de abril de 1992, o júri absolve os réus de todas as acusações, menos uma acusação de agressão física contra Powell, em que os jurados se dividiram.

A absolvição causou os distúrbios mais violentos dos EUA no século 20. Em 1º de maio, o presidente George W. Bush manda o Exército intervir e, no dia seguinte, a situação é controlada.

Em três dias de distúrbios, mais de 60 pessoas morrem, quase 2 mil saem feridas e 7 mil são presas. O prejuízo é estimado em US$ 1 bilhão. 

sexta-feira, 28 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 28 de Abril

 MOTIM NO BOUNTY

    Em 1789, durante uma viagem do Taiti para o Caribe, um motim liderado pelo capitão Flechter Christian, toma o navio britânico Bounty, deixa o capitão William Bligh, autoritário e opresssor, e 18 marinheiros leais a ele num pequeno barco à deriva no Oceano Pacífico e segue para Tubuai, ao sul do Taiti.

O Bounty sai do Taiti em 4 de abril com uma carga de fruta-pão. Perto de Tonga, Christian e outros 28 marinheiros se amotinam. No pequeno barco de 7 metros, Bligh e seus homens chegam ao Timor em 14 de junho depois de uma viagem de 5.750 quilômetros em mar aberto.

Com o fracasso da colônia, em janeiro de 1790, os rebeldes do Bounty vão para o Taiti, onde 16 resolvem ficar. Christian e outros oito amotinados, seis homens taitianos e pelo menos 12 mulheres e uma criança vão para Pitcairn, uma ilha vulcânica desabitada a mais de 1,6 mil km do Taiti.

Os amotinados que ficaram no Taiti são presos. Três são enforcados. 

Em 1808, um navio baleeiro norte-americano vê fumaça no ar e descobre uma comunidade liderada por John Adams, único sobrevivente do motim do Bounty. Um navio britânico lhe concedeu anistia em 1825.

A história é contada no filme Motim no Bounty, com Marlon Brando como Fletcher Christian.

LIGA DAS NAÇÕES

    Em 1919, a Conferência de Versalhes decide criar a Sociedade das Nações ou Liga das Nações, a primeira organização internacional de caráter universal dedicada à paz mundial. É uma das 14 propostas do presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-21), para acabar com a Primeira Guerra Mundial (1914-18).

Os EUA historicamente não se envolviam em guerras na Europa. Para convencer os norte-americanos da necessidade de entrar na guerra, Wilson afirma que é "a guerra para acabar com todas as guerras". Em 8 de janeiro de 1918, ele apresenta o plano de paz de 14 pontos ao Congresso dos EUA.

A participação dos EUA é decisiva para a derrota da Alemanha pelos aliados, Reino Unido e França. Com a derrota, desaparecem os impérios Alemão, Austro-Húngaro, Russo e Otomano (turco). A conferência de paz, dominada pelos vencedores, é conhecida como "a paz para acabar com todas as pazes".

Quando o Tratado de Versalhes, que impõe pesadas indenizações à Alemanha, é assinado, em 28 de junho de 1919, 44 países assinam junto a Convenção da Liga das Nações, instalada em 20 de janeiro de 1920.

Wilson ganhou o Prêmio Nobel da Paz por criar a Liga das Nações, mas o Senado dos EUA não ratificou a Convenção da Liga das Nações. Assim, o país ficou fora. O Brasil sai em 1925, em protesto por não fazer parte do conselho.

A Liga dá mandatos aos impérios Britânico e Francês para administrar o Oriente Médio depois da dissolução do Império Otomano, em tese, para preparar os países árabes para a independência. O moderno Oriente Médio surge daí.

Mas a Liga não cria uma estrutura para garantir a paz. Todos os países têm o mesmo voto. Quando o Japão invade a Manchúria, em 1931, e o Leste da China, em 1937; a Itália Fascista de Benito Mussolini ocupa a Etiópia, em 1935; e a Alemanha Nazista de Adolf Hitler anexa a Áustria e a Tcheco-Eslováquia, em 1938 e 1939; a Liga não reage. Não consegue evitar a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

A Liga das Nações faz sua última reunião em abril de 1946.

Outro presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt (1933-45), articula durante a guerra a criação da Organização das Nações Unidas, que autoriza o uso da força com a aprovação do Conselho de Segurança. Como cinco grandes vencedores da guerra têm direito de veto, o sistema ONU cria um condomínio de grandes potências com recursos e capacidade militar para intervir. 

O veto causa uma paralisia do sistema. Raramente há um consenso para usar a força. As grandes potências se dão o direito de ir à guerra e de vetar qualquer resposta da ONU e ainda protegem aliados.

MUSSOLINI E AMANTE EXECUTADOS

    Em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), o líder fascista e ditador da Itália, Benito Mussolini, o Duce, e sua amante, Clara Petacci, são fuzilados por guerrilheiros comunistas da resistência antifascista quando tentavam fugir para a Suíça.

Fundador do fascismo, Mussolini vira primeiro-ministro da Itália em 31 de outubro de 1922, mais de 10 anos antes de Adolf Hitler na Alemanha, seu grande aliado na guerra em que entrou em 10 de junho de 1940.

Cai pela primeira vez em 25 de julho de 1943, quando é deposto pelo Grande Conselho por levar a Itália a uma derrota militar desastrosa, nomear incompetentes para altos cargos e alienar grande parte da população.

Preso no mesmo dia, ao sair de uma audiência de rotina com o rei Vítor Emanuel III para fazer um relato sobre a guerra, Mussolini é resgatado por forças especiais da Alemanha. Até a derrota final, chefia um governo, a República Social Italiana, nas regiões da Itália não dominadas pelos aliados.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 27 de Abril

 FIM DO APARTHEID

    Em 1994, a África do Sul realiza suas primeiras eleições livres para enterrar o regime segregacionista do apartheid, que impunha uma ditadura cruel e brutal da minoria branca. Mais de 22 milhões de pessoas votam e dão ampla maioria de 62,7% dos votos ao Congresso Nacional Africano. 

Seu líder, Nelson Mandela, torna-se o primeiro presidente negro da África do Sul. Ele forma um governo de coalizão com o Partido Nacional, chefiado pelo ex-presidente Frederik de Klerk, que mandava no tempo do apartheid; e o Partido da Liberdade Inkhata, liderado por Mangosuthu Buthelezi, que alimentava o sonho de ser o primeiro presidente negro.

Mandela nasce em 18 de julho de 1918 em Mzevo, uma pequena aldeia, numa família da nobreza da tribo xhosa. É sobrinho do rei Jongintaba. Estuda direito e, em 1944, entra para o CNA, partido que luta pelos direitos da maioria negra desde 1912.

Em 1952, é eleito vice-presidente nacional. Sob a inspiração do herói da independência da Índia, Mohandas Gandhi, defende uma resistência e uma luta pacífica contra o apartheid

Gandhi teve a influência do escritor e pacifista russo Leon Tolstoy, que lhe apresentou as ideias de Henry David Thoreau, o naturalista norte-americano que criou o conceito de desobediência civil ao se negar a pagar impostos para não financiar guerra contra o México de 1846-48, quando os EUA tomaram 37% do território mexicano.

Depois do Massacre de Sharpeville, em 1960, quando a polícia atira contra uma multidão de manifestantes e mata 69 pessoas, o CNA abandona o pacifismo e parte para a luta armada. Mandela é o organizador e comandante do braço armado do partido, Umkhonto we sizwe (Lança da Nação).

Preso em 1962, Mandela é condenado à morte, mas tem a pena comutada para prisão perpétua. Junto com outros companheiros, vai para a prisão da ilha Robben e mais tarde para as prisões de Pollsmoor e Victor Verster.

É solto 27 anos depois, em 11 de fevereiro de 1990 para negociar uma transição pacífica para a democracia. Vira presidente, mas não se apega ao cargo. Ao contrário dos líderes autoritários que desgraçaram a África independente, transfere o poder a seu sucessor na liderança do partido, Thabo Mbeki.

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Biden lança candidatura à reeleição com 80 anos

Apesar da idade avançada, o presidente Joe Biden anunciou ontem que vai concorrer à reeleição nos Estados Unidos em 2024. Se vencer, sairá da Casa Branca com 86 anos. Biden é o favorito contra o ex-presidente Donald Trump. As pesquisas indicam que perderia para candidatos mais jovens do Partido Republicano. Mas o Partido Democrata acredita que o mapa eleitoral o favorece.

A Guerra da Ucrânia deflagrou uma nova corrida armamentista, mas os gastos como porcentagem do produto interno bruto está quase nos níveis da Guerra Fria. A Estônia, a Letônia e a Lituânia protestam contra o embaixador chinês que negou à independência de ex-repúblicas da União Soviética, em linha com o que o ditador Vladimir Putin diz sobre a Ucrânia.

Durante visita à Espanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu uma reforma das Nações Unidas sem a participação das cinco grandes potências com direito de veto no Conselho de Segurança. Elas vetariam. Uma nova ordem mundial surge depois de uma grande guerra que esperamos que não aconteça porque seria uma guerra nuclear.

O ex-presidente peruano Alejandro Toledo chegou a Lima depois de ser extraditado pelos EUA para responder a processo por corrupção, sob a acusação de receber propina da construtora brasileira Odebrecht. Todos os ex-presidentes do Peru neste século, menos os interirnos, estão sendo processados.

A nova guerra civil no Sudão já tem cerca de 500 mortes e escassa perspectiva de paz por causa dos interesses econômicos, dos negócios dos generais que disputam o poder em Cartum.

A Índia é o país do futuro. Ultrapassou a China em população. É a grande economia que mais cresce, hoje a quinta maior do mundo. Foram 7% no ano fiscal que terminou em 31 de março e deve avançar 6% neste ano fiscal. No ano passado, superou a ex-potência colonial, o Reino Unido. Em 2022, instalou 120 gigavates de energia de fontes renováveis. A meta é 450 gigavates até 2030. Meu comentário:

Hoje na História do Mundo: 26 de Abril

ACIDENTE DE CHERNÓBIL

    Em 1986, o reator número 4 da Central Nuclear de Chernóbil, situada em Pripiat, na república soviética da Ucrânia, explode de madrugada durante um teste de segurança e causa o maior acidente nuclear da história. Durante 9 dias, o reator emite uma coluna de material radioativo até o incêndio ser controlado, em 4 de maio.

O teste simula uma falta de energia elétrica na central atômica. Os sistemas de segurança de emergência e de controle são desligados intencionalmente. Por uma falha no projeto do reator e erros de operação, a água usada para resfriar o reator se superaquece, se transforma em vapor e explode o reator, projetando grafite no ar.

Como a União Soviética impõe uma rigorosa censura, a dimensão da tragédia só é revelada quando a nuvem radioativa chega à Europa Ocidental. 

Pelo menos 31 pessoas morrem em 3 meses em consequência do contato direto com a explosão, inclusive bombeiros e funcionários da usina nuclear. Em 2005, as Nações Unidas divulgam uma estimativa de 4 mil mortes em consequência da radiação. 

Cerca de 600 mil pessoas trabalham na descontaminação. O governo ucraniano paga pensão a 36 mil viúvas de maridos mortos por causa do acidente nuclear. O reator acidentado é encapsulado por um sarcófago de concreto armado concluído em dezembro de 1986.

Para o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, o acidente de Chernóbil é fator mais importante para o fim da URSS do que sua abertura política e econômica.

terça-feira, 25 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 25 de Abril

 REVOLUÇÃO DOS CRAVOS

    Em 1974, o Movimento das Forças Armadas, formado por oficiais que lutaram nas guerras coloniais na África, deflagra a Revolução dos Cravos ou Revolução de Abril, depõe a ditadura do Estado Novo, instaurada por António Oliveira Salazar em 1933, e inicia o processo de democratização em Portugal. Uma nova Constituição, de orientação socialista, entra em vigor em 25 de abril de 1976.


Com a adesão em massa da população o regime praticamente não resiste. Há quatro mortes e 45 saem feridos pelos tiros da Diretoria Geral de Segurança (DGS), a polícia política da ditadura.

O governo é entregue à Junta de Salvação Nacional. Em 15 de maio de 1974, o general Antônio de Spínola assume a Presidência da República. É o autor do livro Portugal e o Futuro, sobre a obsolescência das guerras coloniais na África, um debate que esteve no centro da revolução portuguesa.

É um período de grande agitação civil, política e militar conhecido como Processo Revolucionário em Curso (PREC), marcado por manifestações, ocupações, governos provisórios, nacionalizações e confrontos armados. Vai até 25 de novembro de 1975.

Quando a situação se acalma, uma Assembleia Constituinte aprova uma nova Constituição, que entra em vigor em 25 de abril de 1976, data das primeiras eleições parlamentares da nova república.

segunda-feira, 24 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 24 de Abril

REVOLTA DA PÁSCOA

    Em 1916, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), a Irmandade Republicana Irlandesa, uma sociedade secreta de nacionalistas da Irlanda liderada por Patrick Pearse, lança, com o apoio dos socialistas irlandeses chefiados por James Connolly, a Revolta da Páscoa, uma rebelião armada contra séculos de dominação inglesa e britânica, na segunda-feira da Semana Santa.

Os rebeldes atacam a sede do governo britânico, tomam a sede central do correio em Dublin e proclamam a independência da Irlanda. Na manhã seguinte, dominam boa parte da capital irlandesa. À noite, em 25 de abril, as autoridades do Reino Unido reagem.

A revolta é esmagada até 29 de abril e termina no dia seguinte. Pelo menos 500 pessoas morrem na rebelião: 54% eram civis, 30% soldados britânicos e policiais legalistas e 16% eram rebeldes. Pearse e outros 14 nacionalistas são executados.

Em 21 de janeiro de 1919, deputados do Sinn Féin (SF) eleitos em 1918 convocam o Primeiro Dáil, a primeira sessão do Parlamento irlandês e fundam a República da Irlanda. O Reino Unido não aceita. Começa a Guerra da Independência da Irlanda, travada entre o Exército Republicano Irlandês (IRA) e o Exército Real Britânico.

A guerra dura 2 anos, 5 meses, 2 semanas e 6 dias. Termina em 11 de julho de 1921, com 2,3 mil mortos. Pelo Tratado Anglo-Irlandês, a partir de 1º de janeiro de 1922, 26 dos 32 condados da ilha formam o Estado Livre Irlandês. Os outros seis, de maioria protestante, viram a Irlanda do Norte, que continua fazendo parte do Reino Unido e não é reconhecida pelo SF.

A discriminação aos católicos, nacionalistas e republicanos irlandeses na Irlanda do Norte gera uma onda de protestos nos anos 1960 que leva a uma guerra civil em que 3,5 mil pessoas morrem entre 1969 e 1998, quando é assinado o Acordo Paz da Sexta-Feira Santa, no qual as comunidades católica e protestante se comprometem a dividir o poder.

Com a saída do Reino Unido da União Europeia, a instalação de uma fronteira entre a Irlanda e a Irlanda do Norte reacendeu o conflito. No acordo do divórcio, as duas partes decidiram não criar uma "fronteira dura", mas os protestantes da Irlanda do Norte também não querem uma fronteira no mar com o Reino Unido. O impasse não foi resolvido.

O governo britânico apontou uma solução em que há dois controles aduaneiros entre a Grã-Bretanha e a Irlanda do Norte: um para produtos que vão ficar dentro do Reino Unido, mais rápido; e outro para produtos que sigam para a República da Irlanda, que fez parte da União Europeia. 

A manobra evita a fronteira dura capaz de reacender o conflito, mas os protestantes da Irlanda do Norte continuam se negando a formar o governo de união nacional, que seria liderado pelo SF, o partido mais votado nas últimas eleições norte-irlandesas. 

domingo, 23 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 23 de Abril

 VIKINGS MATAM REI DA IRLANDA

    Em 1014, um grupo de vikings em retirada depois de uma derrota matam o rei da Irlanda, Brian Boru.

O príncipe Brian toma o poder em Dal Cais em 963. Em 1002, estende seus domínios por todo o Sul da Irlanda e resiste ao invasores nórdicos que ocupam o Norte da ilha. 

Em 1013, o rei viking Sitric forma uma aliança contra Brian com guerreiros vikings da Irlanda, das Ilhas Hébridas e da Islândia.

Na Sexta-Feira Santa, 23 de abril de 1014, as forças sob o comando de Murchad, filho de Brian, aniquilam a aliança viking na Batalha de Clontarf, perto de Dublin. Durante a fuga, um grupo de vikings se defronta com a barraca onde está o rei Brian, ataca os guarda-costas e mata velho rei.

A vitória em Clontarf acaba com a invasão viking à Irlanda, mas a morte de Brian marca o início de uma era de anarquia.

NASCIMENTO DE SHAKESPEARE

    Em 1564, de acordo com a tradição, o escritor, poeta e dramaturgo William Shakespeare, considerado um dos maiores autores de todos os tempos, autor de clássicos como Hamlet – o príncipe da Dinamarca, Macbeth e Romeu e Julieta, nasce em Stratford-upon-Avon, no interior da Inglaterra. A cidade é uma atração turística por causa do filho ilustre.

sábado, 22 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 22 de Abril

ASSALTO À RESIDÊNCIA DO EMBAIXADOR

    Em 1997, o presidente Alberto Fujimori ordena um ataque de forças especiais à residência do embaixador do Japão no Peru, tomada por guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru, no qual morrem os 14 rebeldes, dois comandos e um ministro da Corte Suprema, Carlos Giusti.

Quatorze guerrilheiros invadem a casa do embaixador japonês, Morihisha Aoki, em 17 de dezembro de 1996, e tomam como reféns centenas de diplomatas, empresários, altos funcionários públicos civis e militares que participam de uma festa de fim de ano.

As mulheres estrangeiras são libertadas na primeira noite e a maioria dos estrangeiros depois de cinco dias em que sofreram repetidas ameaças de mortes. Depois de 126 dias, as forças especiais de Fujimori atacam a casa. 

Fujimori ganha pontos com a ação. Mais tarde, há alegações de que vários terroristas foram sumariamente executados depois de se render. 

Parentes dos guerrilheiros entram na Justiça do Peru. Um diplomata japonês, Hidetaka Ogura, declara em depoimento que três rebeldes foram torturados. Dois soldados admitem ter visto Eduardo Tito Cruz vivo antes dele morrer com uma bala na nuca. 

A denúncia é retirada no Peru, mas a Corte InterAmericana de Direitos Humanos, o Tribunal de São José, na Costa Rica, decide em 2015 que Cruz foi vítima de uma "execução extrajudicial" e que os direitos humanos de Victor Peceros e Herma Meléndez foram violados.

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 21 de Abril

FUNDAÇÃO DE ROMA

    Em 753 antes da Cristo, de acordo com a lenda, os gêmeos Rômulo e Remo, alimentados por uma loba depois de serem abandonados, fundam Roma.

O jornalista e historiador Indro Montanelli disse que a Loba era Acca Larentia, uma prostituta.

Os irmãos se desentendem. Rômulo mata Remo e se torna o primeiro dos sete reis de Roma. Em 509 AC, Roma se torna uma república. Em 27 AC, Otávio César Augusto é coroado imperador.

O Império Romano do Ocidente cai em 4 de setembro de 476, quando o rei bárbaro Flávio Odoacro derruba o imperador Rômulo Augusto.

O Império Romano do Oriente ou Império Bizantino cai em 29 de maio de 1453, quando Mehmet II, do Império Otomano (turco), conquista Constantinopla. 

quinta-feira, 20 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 20 de Abril

 RÁDIO ISOLADO

    Em 1902, quatro anos depois de descobrir os elementos radioativos rádio e polônio, o casal Marie e Pierre Curie consegue isolar sais de rádio de um minério em seu laboratório.

Pierre Curie, um cientista reservado que vive em função da física, conhece em 1891 a cientista polonesa Marja Slodowska, que deixa Varsóvia e vai para Paris, onde muda seu nome para Marie, para estudar física e matemática na Sorbonne, a Universidade de Paris. Eles se casam em 1895, quando Pierre conclui o doutorado.

Em homenagem a seu país, ela batiza o primeiro elemento químico que descobre como polônio

O casal divide o Prêmio Nobel de Física de 1903 com Henri Becquerel pelo desenvolvimento da teoria da radioatividade, palavra que ela criou. Ela ganha também o Prêmio Nobel de Química, em 1911.

quarta-feira, 19 de abril de 2023

Brasil abandona a neutralidade na Guerra da Ucrânia

Ao declarar que a Ucrânia é corresponsável pela guerra em que foi invadida, rejeitar o convite para visitar Kiev e receber em Brasília o ministro do Exterior russo sem dar a mesma oportunidade ao ucraniano, o Brasil se alinha às posições da China e da Rússia.

Se a defesa do diálogo e de uma solução negociada é elogiável, uma mediação equilibrada exige o tratamento equitativo das duas partes, o respeito ao direito internacional e à Carta das Nações Unidas.

Enquanto o chanceler Serguei Lavrov estava em Brasília, a Rússia condenava o oposicionista Vladimir Kara Murza a 25 anos por criticar a invasão da Ucrânia. Ontem, o primeiro jornalista norte-americano preso na Rússia sob a acusação de espionagem desde o fim da Guerra Fria aparecia num tribunal de Moscou que lhe negou o direito de responder ao processo em liberdade.

O ditador Vladimir Putin visitou pela segunda vez zonas de guerra na Ucrânia para tentar levantar o moral da tropas antes de uma esperada contraofensiva de primavera da Ucrânia.

A economia da China cresceu em ritmo de 4,5% ao ano no primeiro trimestre deste ano, depois de avançar apenas 3% no ano passado por causa da política de covid-zero.

Em tom professoral e arrogante, o presidente Emmanuel Macron foi à televisão defender sua impopular reforma previdenciária. As centrais sindicais planejam grandes protestos para 1º de maio, Dia do Trabalho.

A Justiça da França absolveu a companhia aérea Air France e a fabricante Airbus pelo acidente com o voo AF-447 (Rio-Paris), que matou todas as 228 pessoas a bordo em 31 de maio de 2009. Meu comentário:

Hoje na História do Mundo: 19 de Abril

INÍCIO DA GUERRA DA INDEPENDÊNCIA DOS EUA

    Em 1775, por volta das 5h, 700 soldados britânicos que tentam capturar colonos rebeldes e apreender armas entram na cidade de Lexington, onde são esperados por 77 patriotas armados sob o comando do capitão John Parker, e travam a primeira batalha da Guerra da Independência dos Estados Unidos.

Com superioridade numérica, o capitão britânico John Pitcairn manda os patriotas norte-americanos se dispersarem, mas um tiro de canhão deflagra o combate. Quando a batalha termina, oito colonos e um britânico estão mortos.

É o início da Revolução Norte-Americana. A independência, que não estava nos planos iniciais dos colonos, é declarada em 4 de julho de 1776. É reconhecida pela França e o Reino Unido no Tratado de Paris, assinado em 3 de setembro de 1783.

LEVANTE DO GUETO DE VARSÓSIA

    Em 1943, a Alemanha Nazista começa o ataque à rebelião dos judeus poloneses confinados no Gueto de Varsóvia, a mais importante do povo judeu contra o Holocausto cometido pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Como parte do genocídio, os nazistas confinam os judeus em guetos. Em Varsóvia, onde antes moravam 100 mil pessoas, havia 400 mil. De julho a setembro de 1942, 300 mil moradores do gueto são enviados para a morte imediata no campo de concentração de Treblinka. Diante da morte certa, quem sobrevive decide resistir.

A resistência une a Organização Judaica de Combate, da esquerda, e a União Militar Judaica, de direita. Os grandes heróis são Mordechai Anielewicz, do movimento jovem judaico de esquerda Hashomer Hatzair, e Pawel Frenkel, do movimento jovem de direita Betar.

Em 18 de janeiro de 1943, eles atacam vários batalhões da SS, a organização paramilitar que é a tropa de choque do Partido Nazista. Os alemães fogem. Na Batalha da Rua Niska, em 21 de janeiro, doze soldados nazistas morrem. A resistência assume o controle do gueto.

Durante três meses, os judeus se preparam para a batalha final. Sem condições de libertar o gueto, esperam uma morte digna, na luta. O líder nazista Heinrich Himmler ordena a destruição do Gueto de Varsóvia. 

Em 19 de abril, 3 mil nazistas enfrentam 1,5 mil judeus. Cercam cada quadra e destroem casa por casa, matando todos os judeus que encontram. Mulheres saltam de andares altos de edifícios com os filhos nos braços para evitar a captura e morte. Na noite de 16 de maio, com a destruição da sinagoga, acaba o Levante do Gueto de Varsóvia.

Pelo menos 13 mil judeus morrem na revolta. Os 50 mil sobreviventes são enviados para os campos de concentração de Maydanek e Treblinka.

terça-feira, 18 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 18 de Abril

GRANDE TERREMOTO DE SÃO FRANCISCO

    Em 1906, às 5h13, um tremor de terra de 7,9 graus na escala aberta de Richter ao longo de 440 quilômetros da Falha de Santo André com 45 a 60 segundos de duração, sentido do Sul do estado do Oregon até Los Angeles, abala São Francisco, na Califórnia, provoca uma série de incêndios, mata cerca de 3 mil pessoas e destrói 80% da cidade.

Como a rede de encanamentos se rompe, falta água para combater o fogo, que arde até o dia 20. Entre 227 e 300 mil pessoas da cidade de 410 mil habitantes na época ficam ao relento. A metade da população é retirada para as cidades de Berkeley e Oakland, do outro lado da Baía de São Francisco. O Golden Gate Park e o Panhandle viram acampamentos que duram mais de dois anos.

São Francisco se reconstrói rapidamente, mas parte da população, do comércio e da indústria migram para Los Angeles, que se torna a maior cidade da Califórnia e a segunda dos EUA no século 20. 

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 17 de Abril

INVASÃO DA BAÍA DOS PORCOS

    Em 1961, começa a invasão da Baía dos Porcos, quando refugiados cubanos financiados e treinados pela CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) desembarcam em Cuba e tentam derrubar o regime comunista de Fidel Castro, que vence, consolida o poder e pede proteção da União Soviética, o que leva à Crise dos Mísseis em outubro de 1962, quando o mundo esteve mais perto do que nunca de uma guerra nuclear.

A revolução liderada por Fidel Castro toma o poder em Havana em 1º de janeiro de 1959, com a fuga do ditador Fulgencio Batista. Quando a revolução nacionaliza as empresas norte-americanas na ilha, bancos, refinarias de petróleo, plantações de café e de cana-de-açúcar, entre outras, o governo Dwight Eisenhower (1953-61) destina US$ 13,1 milhões para a CIA usar contra Fidel.

O plano é do vice-presidente Richard Nixon, notório anticomunista e candidato a presidente em 1960 contra o senador John Kennedy, que na campanha é mais anticomunista do que Nixon para não passar a imagem de jovem inseguro, incapaz de enfrentar o desafio soviético na Guerra.

Ao tomar posse, em 20 de janeiro de 1961, o presidente Kennedy herda a operação. O Partido Democrata é acusado de "perder a China". Estava no poder com Harry Truman (1945-53) quando os comunistas tomaram o poder em Beijim.

Em 15 de abril, aviões bombardeiros B-26 pilotados por exilados atacam três pistas de pouso em Cuba, mas não conseguem aniquilar a Força Aérea Cubana. Pelo menos seis aviões ficam intactos. 

Quando Kennedy suspende a segunda onda de bombardeio aéreo, em 16 de abril, a operação está condenada ao fracasso. O sucesso do desembarque depende do controle do espaço aéreo. A Força Aérea ataca os barcos.

Mais de 1,4 mil homens, divididos em cinco batalhões de infantaria e um de paraquedistas, tentam desembarcar na praia Girón, em Cuba, onde encontam forte resistência e são derrotados. Mais de 100 invasores e 176 soldados cubanos morrem. Cerca de 1,2 mil invasores são presos. 

Golpe dentro do golpe ameaça causar nova guerra civil no Sudão

Tiros e explosões abalam Cartum, a capital do Sudão, desde sábado, quando a maior força paramilitar do país, as Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo vice-presidente, general Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido popularmente como Hemedti, atacou o Exército, chefiado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, num golpe dentro do golpe que os dois deram em 2021. 

Pelo menos 97 pessoas foram mortas. O Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas suspendeu temporariamente as atividades no país, onde um terço dos 45,66 milhões de habitantes precisam de ajuda para não passar fome. O Sudão é o 23º país mais pobre do mundo em renda média por habitante. A União Africana e os presidentes do Quênia, de Djibúti e do Sudão do Sul tentam mediar a paz.

A tentativa de golpe adia indefinidamente a promessa de devolver o poder aos civis. Há quatro anos, em 11 de abril de 2019, uma revolta popular provocou a queda do ditador Omar Bachir, que estava no poder há quase 30 anos e chegou a ter a prisão decretada pelo Tribunal Penal Internacional por causa do Genocídio de Darfur (2003-20). Cerca de 400 mil pessoas morreram no genocídio. As FAR participaram dos massacres. 

Os protestos acabaram em julho de 2019, quando as Forças pela Liberdade e a Mudança, a aliança dos grupos que organizavam as manifestações, fizeram um acordo com o Conselho Militar de Transição para criar o Conselho da Soberania do Sudão. Em 21 de agosto daquele ano, depois de uma declaração constitucional, assume um governo liderado pelo primeiro-ministro Abdalla Hamdok, um economista de 61 anos que trabalhara na Comissão Econômica da ONU para a África. 

Depois de um golpe fracassado em 21 de setembro de 2021, o general Burhan, comandante do Exército e presidente do Conselho Soberano de Transição, tomou o poder, dissolveu o conselho e impôs estado de emergência. O primeiro-ministro e outros ministros foram presos. 

Sob pressão dos Estados Unidos, da União Europeia e da União Africana, Hamdok voltou à chefia do governo em 21 de novembro de 2021, mas pediu demissão em 2 de janeiro de 2022 por causa do domínio total dos militares. 

Ontem, segundo dia de hostilidades do novo golpe, a ONU anunciou um cessar-fogo a partir das 16 h (11h em Brasília), mas a trégua durou pouco mais de uma hora. 

O Sudão tem a mais longa história de guerras civis da África independente. A Primeira Guerra Civil Sudanesa (1955-72) começou antes da independência do Império Britânico, em 1956. Opôs o governo dominado por muçulmanos do Norte do país a grupos cristãos e animistas do Sul que exigiam autonomia regional. Pelo menos 500 mil pessoas foram mortas, talvez 1 milhão. 

A mesma divisão do país levou à Segunda Guerra Civil Sudanesa (1983-2005), travada pelo Exército Popular de Libertação do Sudão do Sul contra o Exército do Sudão. Cerca de 2 milhões de pessoas morreram, somando mortos em combate, fome e doenças causadas pela guerra. 

O principal resultado foi a independência do Sudão do Sul, o mais novo país do mundo, em julho de 2011, depois de um referendo realizado em janeiro daquele ano. Assim, o Sudão deixou de ser o maior país da África. 

O novo país também caiu em guerra civil, em 15 de dezembro de 2013, quando o presidente Salva Kiir Mayardit, do povo dinka, a maior das 64 tribos do Sudão do Sul, acusou o ex-vice-presidente Riek Machar, do povo nuer, o segundo maior, de tramar um golpe de Estado. A Guerra Civil Sul-Sudanesa foi até 22 de fevereiro de 2020, quando os dois líderes políticos chegaram a um acordo para formar um governo de unidade nacional. Cerca de 400 mil pessoas morreram.

domingo, 16 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 16 de Abril

GUERRA FRIA

    Em 1947, ao discursar na cerimônia de descerramento de seu retrato na Assembleia Legislativa da Carolina do Sul, o financista multimilionário Bernard Baruch usa pela primeira vez a expressão guerra fria para se referir à confrontação estratégica entre os Estados Unidos e a União Soviética.

Baruch trabalha como assessor presidencial em economia e política externa desde o governo Woodrow Wilson (1913-21). Depois da Primeira Guerra Mundial (1914-18), participa da Conferência de Paz de Versalhes.

Nos anos 1930, assessora o presidente Franklin Roosevelt (1933-45) e membros do Congresso. Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), é conselheiro do presidente Harry Truman (1945-53).

Durante a cerimônia, Baruch lança um duro ataque contra os conflitos trabalhistas. Afirma que só com a união entre capital e trabalho os EUA serão capazes de se tornar uma grande força num "mundo que se renova física e espiritualmente."

Ele propõe semanas de trabalho mais longas, acordos com os sindicatos para prevenir greves e com as empresas para evitar demissões: "Não nos enganemos – estamos hoje no meio de uma guerra fria. Nossos inimigos estão no exterior e em casa. Não nos esqueçamos nunca: nossa inquietação é o coração de nosso sucesso. A paz no mundo é a esperança e a meta do nosso sistema político; é o desespero e a derrota daqueles que se erguem contra nós. Só podemos depender de nós mesmos." 

sábado, 15 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 15 de Abril

 NAUFRÁGIO DO TITANIC

    Em 1912, às 2h20, duas horas e meia depois de bater num iceberg, o navio transatlântico Titanic afunda no Norte do Oceano Atlântico a cerca de 640 quilômetros da Terra Nova, no Canadá, no naufrágio mais famoso da história. 

O Titanic, um dos maiores e mais luxuosos navios de passageiros da história, é um projeto do construtor de navios William Pirrie fabricado em Belfast, hoje capital da Irlanda do Norte, com 270 metros de comprimento.

O caso é dividido em 16 compartimentos estanques. Como quatro destes compartimentos poderiam se encher d'água sem desestabilizar o navio, o Titanic é considerado insubmersível.

Ao sair do porto de Southampton, na Inglaterra, em 10 de abril, na sua primeira viagem transatlântica, o Titanic passa perto do navio New York, dando um susto nos passageiros que estavam no convés.

Depois de escalas em Cherbourg, na França, e em Queenstown, na Irlanda, com 2,2 mil passageiros e tripulantes a bordo, segue a todo o vapor rumo a Nova York. Pouco antes da meia-noite de 11 de abril, o Titanic bate num iceberg que rompe cinco compartimentos do casco, que se enchem d'água e desestabilizam o navio.

Como os compartimentos não são fechados em cima, os outros compartimentos se enchem d'água. A proa afunda e ergue a popa até uma posição quase vertical. O Titanic se parte ao meio e afunda às 2h20. Cerca de 1,5 mil pessoas afundam junto ou morrem de frio nas águas geladas do Atlântico Norte.

Uma hora e 20 minutos depois, o navio Carpathia resgate os sobreviventes que estão em botes salva-vidas. Outro navio, o Californian, está a cerca de 30 km do Titanic na hora do acidente, mas não ouve os pedidos de socorro porque o operador do rádio não está trabalhando.

Em reação ao naufrágio, em 2013, é realizada a primeira Convenção Internacional para Segurança da Vida no Mar. As novas regras exigem que todo navio tenha botes salva-vidas para todas as pessoas a bordo e faça rádio-escuta 24 horas por dia. Uma Patrulha Internacional do Gelo passa a monitorar os icebergs no Atlântico Norte.

EUA denunciam militar pelo vazamento de segredos do Pentágono

 Um aviador e técnico em informática da Guarda Nacional Aérea do estado de Massachusetts preso na quinta-feira foi denunciado ontem por roubar e divulgar documentos ultrassecretos do Departamento da Defesa dos Estados Unidos e pode pegar muitos anos de cadeia por espionagem. 

Jack Douglas Teixeira, de 21 anos, gosta de armas de fogo, equipamentos militares, memes racistas e antissemitas, videogames e Deus, informa o jornal The New York Times. Ao que tudo indica, não é agente russo.

Como a principal conclusão dos vazamentos é que a Guerra da Ucrânia caminha para um longo impasse sangrento, analistas militares norte-americanos alertam que é preciso passar do campo de batalha para a mesa de negociações.

As declarações do presidente da França, Emmanuel Macron, durante visita à China, de que a Europa precisa de autonomia estratégica para não ser vassalo dos EUA abalaram tanto a União Europeia quanto a aliança ocidental. Macron conseguiu uma vitória na reforma da previdência, mas se queimou politicamente dentro da França e agora no mundo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou uma visita a Beijim em que consolidou a parceria econômica entre Brasil e China. A proposta de criar um "clube da paz" não prosperou. Nem Rússia, nem Ucrânia e nem a China parecem interessadas em negociações. Mas os 25 anos do acordo de paz que acabou com a guerra civil na Irlanda do Norte mostram que vale a pena iniciar o diálogo mesmo quando parece impossível. Meu comentário:

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Hoje na História do Mundo: 14 de Abril

 LINCOLN BALEADO

    Em 1865, cinco dias depois do fim da Guerra da Secessão (1861-65), o ator John Wilkes Booth dá um tiro na cabeça do presidente Abraham Lincoln no Teatro Ford, em Washington, por volta das 22h, o chama de tirano e grita que "o Sul está vingado". Lincoln morre no dia seguinte às 7h22.

Booth apoia os Estados Confederados da América (Sul), mas fica no Norte durante a guerra civil. Planeja capturar o presidente e levá-lo para Richmond, na Virgínia, a capital da Confederação. Mas, em 20 de março de 1865, a data do sequestro, Lincoln não vai ao local onde Booth e outros seis conspiradores o aguardam.

Dois dias depois, Richmond cai ante as forças da União (Norte). Booth não aceita a derrota. Conspira para matar Lincoln, o vice-presidente Andrew Johnson e o secretário de Estado, William Seward. Ao matar o presidente e dois possíveis sucessores, queria provocar o caos no governo dos Estados Unidos.

Sabendo que Lincoln ia ao Teatro Ford ver Nosso Primo Americano, Booth prepara a ação. Na mesma noite, Lewis Powell invade a casa do secretário, ferindo-o gravemente. George Atzerodt, que atacaria o vice-presidente, entra em pânico e foge.

Booth foge. É cercado no celeiro de uma fazenda. Não se rende. O celeiro pega fogo. Ao tentar escapar, é baleado mortalmente pelo cabo Boston Corbett.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

China: de Império do Centro a superpotência

O país que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está visitando é uma das mais antigas civilizações da humanidade, com 4 mil anos de história. Era o centro do mundo na Ásia e uma das fábricas do mundo. Depois de um século de humilhações diante do imperialismo ocidental, a revolução comunista tinha como objetivo central acabar com essa posição de inferioridade.

Hoje, a China é a segunda maior economia do mundo e a maior potência industrial do planeta, rivalizando com os Estados Unidos. É também, desde 2009, a maior parceira comercial do Brasil. Compra do Brasil dois terços de suas importações de soja e 40% de suas importações de carne. É responsável por dois terços do saldo comercial brasileiro.

No ano passado, o Brasil faturou US$ 91 bilhões com as exportações para a China. Como a economia chinesa sofreu com a política de covid-zero, abandonada em dezembro, em 2022, a participação da China nas exportações brasileiras baixou de 30% para 27%. Para comparar, os EUA têm 11% e a Argentina 4,6%.

A soja, o minério de ferro e o petróleo respondem por 79% das exportações brasileiras para a China, seguidas por açúcar e carnes. Os produtos manufaturados vem em nono lugar. O Brasil importou US$ 61,6 bilhões da China, principalmente produtos da indústria de transformação. É uma reação neocolonial que o governo Lula quer mudar para reindustrializar o país.

Em 2020, a China tinha investimentos de US$ 70 bilhões no Brasil, em comparação com mais de US$ 270 bilhões dos EUA. O governo brasileiro quer atrair mais investimentos chineses, especialmente nos setores de infraestrutura, energias renováveis, mineração e na indústria automobilística. Uma companhia chinesa pode comprar a fábrica da Ford na Bahia.

Outro tema importante da visita é a Guerra da Ucrânia. Lula propõe a criação de um "clube da paz", um grupo de países para tentar negociar o fim do conflito em que a China teria posição de destaque porque é o país que tem mais poder de pressão sobre o ditador da Rússia, Vladimir Putin. 

A revista inglesa The Economist disse que o Brasil está de volta ao mundo, mas criticou a política externa brasileira, considerando-a "hiperativa, ambiciosa e ingênua. Meu comentário:

Hoje na História do Mundo: 13 de Abril

 MASSACRE DE KATYN

    Em 1990, a União Soviética reconhece a responsabilidade pelo Massacre da Floresta de Katyn, em 1940, quando a polícia política do regime stalinista, o Comissariado do Povo para Assuntos Internos (NKVD), mata todo o oficialato do Exército, chefes de polícia, outros altos funcionários, professores, artistas e intelectuais da Polônia.

Oito dias antes do início da Segunda Guerra Mundial (1939-45), a Alemanha Nazista e a URSS assinaram o Pacto Germano-Soviético. Em 1º de setembro de 1939, as forças de Hitler invadem a Polônia e derrubam o governo em Varsóvia.

Em 17 de setembro, o ministro do Exterior soviético, Vyacheslav Molotov, declara que o governo polonês não existe mais. A URSS ocupa o Leste da Polônia. 

A diretor do NKVD, Laurenti Beria, pede autorização ao Politburo, o birô político do Comitê Central do Partido Comunista da URSS, para realizar a matança. As vítimas são assassinadas uma a uma com um tiro na nuca na Floresta de Katyn e em prisões em Cracóvia e Kaliningrado, a partir de 3 de abril.

Quando a Alemanha invade a URSS, em 22 de junho de 1941, e o governo Josef Stalin entra na guerra contra o nazifascismo, o governo polonês no exílio pede a libertação dos oficiais. A URSS ignora.

Em abril de 1943, os alemães revelam ter encontrado valas comuns cheias de corpos na Floresta de Katyn. O governo polonês no exílio, sediado em Londres, pede uma investigação. Stalin rompe com o governo da Polônia, mas a URSS nega qualquer responsabilidade pelo massacre.

Só em 1990, no governo Mikhail Gorbachev (1985-91), a URSS assumiu a autoria do Massacre de Katyn.