Depois de apoiar a candidata democrata Hillary Clinton, seguindo sua tradição liberal, o jornal The New York Times, um dos mais influentes do mundo, acusou, em editorial intitulado Por que Donald Trump não deve ser presidente, o bilionário de ser o pior candidato de um grande partido à Presidência dos Estados Unidos na história moderna.
Quando lançou sua candidatura à Casa Branca há um ano e três meses, Trump, um magnata imobiliário, se apresentou como um empresário bem-sucedido e um apresentador de televisão conhecido, e atacou os mexicanos como contrabandistas, assassinos e estupradores. Desde aquele momento, ficou claro que as visões de Trump estão mais para impulsos perigosos e tiradas cínicas para agradar à plateia do que políticas coerentes, alerta o editorial.
No momento em que a campanha eleitoral entra na fase decisiva, com o primeiro debate entre os candidatos marcado para amanhã na rede de televisão CNN às 22h, o New York Times entende que chegou a hora, especialmente para os indecisos, de examinar as ideias e propostas de Trump.
"Apesar de suas propriedades em forma de torres, o Sr. Trump tem um histórico de falências e apostas arriscadas como a Universidade Trump, que está sendo investigada depois de inúmeras reclamações de fraude", lembra o jornal.
Trump se recusa a divulgar suas declarações de renda, uma tradição entre candidatos à Casa Branca. Apesar de bilionário, em alguns anos ele declarou prejuízos e aproveitou furos na lei para não pagar impostos. Ele usou US$ 258 mil da Fundação Trump para pagar dívidas de suas empresas e despesas pessoais.
Sem experiência em questões de segurança nacional, Trump afirma que sabe mais sobre a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante do que os generais do Pentágono. Ele também propôs proibir "total e completamente" a entrada da muçulmanos nos EUA e deportar 11 milhões de imigrantes ilegais.
"Por mais reviravoltas que dê, o Sr. Trump sempre deixa claro onde está seu coração - com os signos racistas, nativistas e anti-imigrantes que empregou grosseiramente para construir sua base", acusou o New York Times.
O jornal lembra que Trump esteve a frente do movimento que levantou dúvidas sobre a nacionalidade do presidente Barack Obama, alegando que ele nasceu na África ou na Indonésia, numa jogada para negar legitimidade ao primeiro presidente negro da história do país.
De acordo com levantamento da rede de televisão NBC, Trump mudou de políticas 117 vezes em 20 questões importantes, do aborto à imigração. Quando os repórteres apontam suas contradições, ele ameaça afrouxar as leis para processar organizações jornalísticas que o desagradem.
Seus planos econômicos são igualmente catastróficos, alerta o New York Times, do repúdio a acordos comerciais a cortes de de impostos de US$ 10 trilhões. A conta não fecha.
Além de flertar perigosamente com o presidente autoritário da Rússia Donald Trump, ao ameaçar não socorrer países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Trump coloca em risco a aliança atlântica, base da política de defesa e segurança externa dos EUA no pós-guerra, criando um grande problema diplomático e de segurança.
O candidato republicano, jogando para o eleitorado mais conservadores e as empresas mais poluentes, nega que a atividade industrial humana seja responsável pelo aumento da temperatura média do planeta, agravando o efeito estufa e provocando o aquecimento global, embora um campo de golpe que ele tem na Irlanda queira fazer uma muralha para conter a elevação do nível do mar. Trump quer "cancelar o Acordo de Paris".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
domingo, 25 de setembro de 2016
Trump é o pior candidato da história dos EUA, adverte NY Times
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