Um bombardeio aéreo a uma clínica da cidade de Alepo, no Nordeste da Síria, matou um médico, duas enfermeiras e dois motoristas de ambulância, revelou ontem o Sindicato de Organizações de Assistência Médica e Ajuda Humanitária, citado pela televisão pública britânica BBC.
Nove membros do Jaish al-Fatah (Exército da Conquista), uma aliança de grupos rebeldes, foram mortos no bombardeio, informou Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental de oposição que monitora a guerra civil na Síria.
Desde o início da guerra civil, em março de 2011, mais de 600 clínicas, centros médicos e hospitais foram bombardeados na Síria.
As maiores suspeitas recaem sobre as forças aéreas da Rússia e da Síria. O ataque aconteceu um dia depois do bombardeio a um comboio de ajuda humanitária para áreas rebeldes sitiadas pela ditadura de Bachar Assad, horas depois que o regime anunciou o fim de uma trégua frágil. Em resposta, as Nações Unidas suspenderam a ajuda humanitária.
Os Estados Unidos e a Rússia, que negociaram o cessar-fogo, se acusaram mutuamente pelo bombardeio ao comboio. Altos funcionários do Departamento da Defesa americano disseram ter imagens que mostram aviões de guerra russos sobrevoando os caminhões no momento do ataque.
Em reunião no Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, o ministro do Exterior russo, Serguei Lavrov, responsabilizou aeronaves não tripuladas americanas, denunciou mais de 300 violações do cessar-fogo por grupos rebeldes apoiados pelos EUA, a Europa, a Arábia Saudita e a Turquia, e declarou que "não haverá mais tréguas unilaterais".
Assad defendeu a Rússia em entrevista à agência Associated Press (AP) e acusou os EUA de mentir e não ter credibilidade. O ditador não acredita que o bombardeio americano que matou 90 soldados no fim de semana na cidade de Deir el-Zur tenha sido um erro: "Definitivamente foi intencional. Não foi um erro cometido por um avião isolado. Quatro aviões bombardearam posições do Exército da Síria durante uma hora. Você não comete um erro desses durante uma hora."
A Rússia e Assad apostam numa vitória militar. Nas negociações de paz, o regime e seus aliados russos e iranianos insistem na manutenção do ditador no poder durante um "período de transição" ao fim do qual haveria eleição presidencial com Assad como candidato.
Sem a saída do ditador, não haverá paz na Síria. A guerra civil ainda está longe do fim.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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