Se o magnata imobiliário Donald Trump for eleito presidente dos Estados Unidos em 8 de novembro de 2016 e mudar unilateralmente o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), o México pode revogar uma série de 75 tratados bilaterais, entre eles o de 1848, que cedeu metade do território mexicano aos EUA, inclusive os estados da Califórnia, do Arizona, de Nevada e do Novo México.
A iniciativa foi apresentada ontem pelo senador esquerdista Armando Ríos Piter em reação ao encontro entre Trump e o presidente Enrique Peña Nieto no Palácio Nacional, considerado ultrajante pelos mexicanos depois das acusações de tráfico, contrabando e crimes sexuais feitas na campanha e da ameaça de erguer um muro na fronteira entre os dois países e obrigar o México a pagar.
Quando Trump fala em construir um muro alto e inexpugnável na fronteira para barrar os imigrantes ilegais, os mexicanos sugerem ironicamente que seja na fronteira anterior ao tratado de 1848.
"É o primeiro passo para estabelecermos uma política pública sobre como o México deve reagir diante da ameaça" de um governo Trump, declarou o senador ao jornal britânico Financial Times. "Esta lei quer simplesmente proteger uma relação de sucesso de 22 anos útil para ambas as nações. Queremos defender o Nafta de uma posição que visa destruí-lo."
O projeto nasceu de uma ideia do ex-deputado Agustín Barrios Gómez, hoje diretor da Fundação Imagem do México, uma organização que tenta melhorar a percepção do país no exterior.
Além de revogar tratados, o projeto de lei proíbe qualquer tentativa de usar dinheiro mexicano para erguer um muro na fronteira. Se Trump confiscar como prometeu parte dos US$ 24 bilhões que os imigrantes e seus descendentes enviam anualmente ao México, o governo mexicano está autorizado a reter a mesma quantia nas remessas feitas por empresas ou indivíduos aos EUA.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 6 de setembro de 2016
México ameaçar revogar tratado de 1848 se Trump for eleito
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