Era uma terça-feira linda de verão, de sol e céu tão azul em Londres quanto em Nova York. Eu tinha de gravar às 14h um programa de rádio no London Radio Service. Desci na estação de metrô de Warren Street cinco minutos antes e liguei o rádio no Serviço Mundial da BBC para chegar na sala de redação sabendo das últimas. O repórter noticiava um acidente em Nova York. Um pequeno avião teria batido em uma das Torres Gêmeas do World Trade Center.
Cheguei na redação e comecei a ler o texto que teria de gravar. As TVs mostravam imagens de Nova York ao vivo. Pouco depois das 14h, um avião bate numa torre. Minha primeira reação foi: já tem imagens do acidente?
Ao olhar bem, o terror ficou evidente. Era outro avião na outra torre. Não era acidente. Era o atentado terrorista mais espetacular da história. Um jornalista inglês que tinha trabalhado nos Emirados Árabes Unidos matou a charada no ato: "Só pode ter sido Ben Laden."
Gravamos assim mesmo, mas o clima era de pânico. Por causa da aliança estratégica com os Estados Unidos, os britânicos estavam certos de que Londres seria o próximo alvo. Foi o Pentágono. Um quarto avião caiu na Pensilvânia quando ia para Washington. Os alvos poderiam ser a Casa Branca ou o Congresso.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, faria um discurso numa conferência do Congresso dos Sindicatos, sempre interessados em empurrar o neotrabalhismo mais para a esquerda. Mudou de ideia imediatamente. Tratou de fortalecer a "relação especial" entre os dois países, sempre mais especial para os britânicos. Selava a parceria com George W. Bush que o levaria à invasão do Iraque e à desgraça política.
Um tinha um evento na sede do Ministério do Exterior britânico, no coração do poder em Londres, o lançamento de um atlas de recifes de coral da ONU, às 18h. Cheguei um tanto desarvorado e me perguntei: o que estou fazendo aqui?
Comprei o atlas e fui para casa. Escrevi para o No.com um dos melhores textos da minha carreira jornalística, que tentei resgatar hoje, mas não consegui.
Com 2.977 mortes, começava o que se poderia chamar de Quarta Guerra Mundial, se considerarmos que a terceira foi a Guerra Fria. Ben Laden foi morto há cinco anos. A milícia jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante herdou o manto do extremismo muçulmanos e elevou o terror a um nível de crueldade jamais visto.
Não houve mais atentados espetaculares como os de 11 de setembro de 2001, mas o número de mortes em atentados terroristas continua aumentando ano após ano. Em 2014, o aumento foi de 80%.
Prestes a perder seus territórios no Oriente Médio sob pressão dos EUA e da Rússia, o Estado Islâmico regride a grupo terrorista e precisa de ações como os atentados de 13 de novembro de 2015 para continuar atraindo voluntários para o martírio.
Além da derrota militar nos campos de batalha do Oriente Médio, o jihadismo precisa ser vencido política e ideologicamente, precisa ser isolado e repudiados pela imensa maioria dos muçulmanos que acreditam que sua religião é uma religião de paz.
Cheguei na redação e comecei a ler o texto que teria de gravar. As TVs mostravam imagens de Nova York ao vivo. Pouco depois das 14h, um avião bate numa torre. Minha primeira reação foi: já tem imagens do acidente?
Ao olhar bem, o terror ficou evidente. Era outro avião na outra torre. Não era acidente. Era o atentado terrorista mais espetacular da história. Um jornalista inglês que tinha trabalhado nos Emirados Árabes Unidos matou a charada no ato: "Só pode ter sido Ben Laden."
Gravamos assim mesmo, mas o clima era de pânico. Por causa da aliança estratégica com os Estados Unidos, os britânicos estavam certos de que Londres seria o próximo alvo. Foi o Pentágono. Um quarto avião caiu na Pensilvânia quando ia para Washington. Os alvos poderiam ser a Casa Branca ou o Congresso.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, faria um discurso numa conferência do Congresso dos Sindicatos, sempre interessados em empurrar o neotrabalhismo mais para a esquerda. Mudou de ideia imediatamente. Tratou de fortalecer a "relação especial" entre os dois países, sempre mais especial para os britânicos. Selava a parceria com George W. Bush que o levaria à invasão do Iraque e à desgraça política.
Um tinha um evento na sede do Ministério do Exterior britânico, no coração do poder em Londres, o lançamento de um atlas de recifes de coral da ONU, às 18h. Cheguei um tanto desarvorado e me perguntei: o que estou fazendo aqui?
Comprei o atlas e fui para casa. Escrevi para o No.com um dos melhores textos da minha carreira jornalística, que tentei resgatar hoje, mas não consegui.
Com 2.977 mortes, começava o que se poderia chamar de Quarta Guerra Mundial, se considerarmos que a terceira foi a Guerra Fria. Ben Laden foi morto há cinco anos. A milícia jihadista Estado Islâmico do Iraque e do Levante herdou o manto do extremismo muçulmanos e elevou o terror a um nível de crueldade jamais visto.
Não houve mais atentados espetaculares como os de 11 de setembro de 2001, mas o número de mortes em atentados terroristas continua aumentando ano após ano. Em 2014, o aumento foi de 80%.
Prestes a perder seus territórios no Oriente Médio sob pressão dos EUA e da Rússia, o Estado Islâmico regride a grupo terrorista e precisa de ações como os atentados de 13 de novembro de 2015 para continuar atraindo voluntários para o martírio.
Além da derrota militar nos campos de batalha do Oriente Médio, o jihadismo precisa ser vencido política e ideologicamente, precisa ser isolado e repudiados pela imensa maioria dos muçulmanos que acreditam que sua religião é uma religião de paz.
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