quinta-feira, 19 de abril de 2012

EUA negaram asilo a chefe de polícia de Bo Xilai

A queda espetacular do dirigente comunista Bo Xilai, num escândalo de assassinato e corrupção atinge até o presidente dos Estados Unidos. Barack Obama está sendo acusado pela oposição porque o chefe de polícia da cidade de Xunquim se refugiou num consulado americano, mas teve seu pedido de asilo negado.

Depois da morte do empresário britânico Neil Heywood, envenenado em novembro num hotel, supostamente a mando da mulher de Bo, Gu Kailai, o império do casal começou a desmoronar.

Em 6 de fevereiro de 2012, temendo por sua vida, Wang Lijun, vice-prefeito e chefe de polícia de Bo, se refugiou no no Consulado Americano em Chengdu. A polícia chinesa rapidamente cercou o prédio e pressionou os diplomatas dos EUA a entregá-lo.

Trinta e seis horas depois, um alto funcionário de um ministério vindo especialmente de Beijim furou o cerco da polícia de Bo e levou Wang para a capital. Ao lhe negar asilo, os EUA o entregaram às autoridades centrais da China, que agora o acusam de tentar passar segredos de Estado aos americanos.

Se for denunciado por traição, Wang Lijun pode ser condenado a morte, informa o jornal The New York Times.

Os republicanos argumentam que Wang poderia passar detalhes sobre a luta pelo poder na China, onde até o fim do ano serão indicados o novo líder do Partido Comunista e presidente do país, ao que tudo indica Xi Jinping, um novo primeiro-ministro e os outros sete membros do Comite Permanente do Politburo do Comitê Central. É uma renovação da liderança que gera instabilidade maior num regime fechado.

A tentativa de pedir asilo aconteceu uma semana antes da visita do vice-presidente e provável futuro presidente Xi Jinping aos EUA.

Acima de tudo, a desgraça de Bo Xilai revelou as entranhas do regime comunista chinês numa trama de abuso de poder, favoritismo, corrupção e assassinato.

Quando Heywood morreu, Bo tentou encobrir o crime, descrito inicialmente como morte por embriaguez. O caso só veio à tona porque criou uma oportunidade para tirar a estrela em ascensão da linha dura da luta pelo poder na China.

Mais do que exceção, essa é a norma dentro do regime comunista chinês. Sem transparência, liberdade de expressão e regras claras para disputar o poder, as crises da transição serão sempre inevitáveis, colocando em dúvida a legitimidade do Partido Comunista para governar a segunda maior potência capitalista do mundo rumo ao primeiro lugar.

A questão é até quando a nova elite econômica e a classe média ascendente vão tolerar um sistema intrinsecamente corrupto que só investiga e desmascara seus líderes quando eles perdem o poder.

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