terça-feira, 24 de junho de 2008

UCR pressiona Cristina a negociar imposto

O líder da bancada da União Cívica Radical, segundo maior partido político da Argentina, está pressionando a presidente Cristina Kirchner a negociar com os produtores rurais uma redução no imposto sobre as exportações de grãos. Ele ameaçou retirar sua bancada, se o governo mantiver sua produção inflexível.

Apesar do frio do inverno argentino, as duas partes armaram acampamentos diante do Palácio do Congresso, em Buenos Aires, para pressionar deputados e senadores.

Os ruralistas exigem o fim da escala móvel introduzida em 11 de março de 2008, que aumenta a alíquota do imposto toda vez que o preço do produto sobe no mercado internacional.

Na segunda-feira, finalmente, Cristina recebeu os líderes das quatro entidades rurais que organizaram quatro greves nos últimos cento e poucos dias para pagar menos imposto, especialmente sobre as exportações de soja. Mas a presidente argentina se negou a reduzir o imposto, alegando que a questão agora está com o Congresso.

Para não ceder diante dos produtores e reafirmar sua posição de presidente legitimamente eleita de todos os argentinos, negando legitimidade ao movimento dos ruralistas, Cristina Kirchner decidiu, na semana passada, enviar um projeto ao Congresso para transformar o imposto em lei. Parte do dinheiro será usado para financiar um programa de redistribuição de renda, como ela prometeu em seus vários discursos durante a crise.

Quando Cristina enviou o projeto ao Congresso, o gesto foi interpretado como um recuo. Realmente foi. Mas foi um recuo tático. Na essência, ela não cede em nada às reivindicações dos fazendeiros e agricultores.

Hoje, por exemplo, o ex-presidente Néstor Kirchner, que agora preside o Partido Justicialista, se reuniu com líderes sindicais na sede da Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), a grande central sindical argentina, para articular o apoio à sua mulher.

A História ensina que movimentos contra aumentos de impostos já derrubaram reis, presidentes e primeiros-ministros. Só costumam terminar quando o imposto é revogado.

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