A lei que proíbe motoristas de beber uma gota de álcool nos equipara à Alemanha Oriental, aquele paraíso policial-socialista. É mais uma lei abusiva. Amplia tanto a punibilidade que inclui quem não representa perigo algum à sociedade.
Mais importante do que uma legislação ultra-rigorosa é uma lei justa que seja cumprida.
Na Europa, o Reino Unido tem os menores índices de morte no trânsito. O limite legal de álcool no sangue é o equivalente ao de um chope num pub: 580 mililitros, quase o mesmo que uma garrafa de cerveja grande.
Acima disso, o motorista não passa no teste do bafômetro. É simples. Regularmente, em quase todas as sextas-feiras e sábados, a polícia britânica monta blitze perto de pub, bares, restaurantes e clubes noturnos. Ninguém pode se negar a soprar o bafômetro. Vai preso.
Se o motorista estiver embriagado, ou seja, com uma quantidade de álcool no sangue acima do limite legal, vai preso e o carro é apreendido, a não ser que apareça uma pessoa sóbria para dirigir seu carro. Muitas vezes dorme no xadrez da delegacia e, na manhã seguinte, volta para casa de carro. Depois, a Justiça decide sobre a cassação da carteira, normalmente pelo prazo de seis meses.
A lei brasileira, autoritária, draconiana e injusta, revela mais uma vez a incompetência das nossas autoridades e a tentativa de resolver tudo num passe de mágica, num canetaço ou numa votação no desmoralizado Congresso Nacional. É muita burrice, muito atraso e muita ignorância.
Não custa nada aprender com os exemplos de sucesso no resto do mundo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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