Num acordo histórico, depois de quase 60 anos, a China e Taiwan vão restabelecer vôos regulares entre si a partir de 4 de julho. Em 18 de julho, chega à ilha que a China considera uma província rebelde o primeiro contingente de turistas da China continental.
Quando os comunistas chegaram ao poder, com a vitória da revolução liderada por Mao Tsé-tung, em 1º de outubro de 1949, o governo nacionalista do Kuomintang, chefiado por Chiang Kai-shek, exilou-se em Taiwan. Os dois regimes inimigos reivindicavam a soberania sobre toda a China.
Só em 1971, quando os EUA se aproximaram da China por iniciativa de Henry Kissinger, a República Popular da China ocupou a cadeira da China, até então ocupada por Taiwan, no Conselho de Segurança das Nações Unidas. A China tinha se tornado inimiga da União Soviética, com escaramuças de fronteira em 1969. No fim da Guerra Fria, foi uma aliada informal da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O regime comunista tem desde sua origem um projeto de independência nacional para a China não ser mais humilhada como foi pelas potências coloniais, especialmente o Império Britânico. Uma questão central é reconstituir o território histórico da China, que na visão chinesa inclui o Tibete, Hong Kong e Taiwan.
Hong Kong já foi anexada à China com real autonomia política e administrativa, dentro da fórmula "um país, dois sistemas" criada por Deng Xiaoping, o pai das reformas econômicas que enriqueceram o país, tendo em vista a reintegração de Taiwan.
Com o cerco do regime comunista chinês, Taiwan é o país que não existe. Qualquer país que tenha relações diplomáticas com Taiwan não pode ter com a China.
O acordo assinado hoje abre os céus dos dois países para o turismo e o contato direto por um povo separado por apenas 100 quilômetros no Estreito de Taiwan mas distante há décadas por causa do conflito ideológico. É mais um passo nesta difícil reconciliação. Era uma promessa de campanha do novo presidente taiwanês, Ma Ying Jeou.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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