Milhares de crianças correm risco de passar fome nas próximas semanas em Mianmar, a antiga Birmânia, onde a junta militar se nega a receber pessoal estrangeiro para distribuir os suprimentos recebidos como ajuda de outros países para os flagelados pelo ciclone Nargis, que arrasou a região do Delta do Rio Irrauade, há 16 dias. O alerta é da organização não-governamental Save the Children.
Há um grande frustração da sociedade internacional para resistência da ditadura militar que desgoverna Mianmar de permitir a entrada no país, por exemplo, de soldados americanos ou de um navio-hospital da Marinha da França, por medo de uma intervenção militar.
Os generais estão com a paranóia da invasão. Temem ser enquadrados na guerra contra o terrorismo. Na prática, estão aprisionando seu próprio povo, matando-o de fome e de doenças curáveis. Há diversas barreiras e pontos de controle pelas estradas, e não só para estrangeiros. A ditadura controla a movimentação dos birmaneses temendo uma revolta.
A estratégia das Nações Unidas para contornar a resistência do regime que, em 46 anos, transformou o maior exportador mundial de arroz num dos países mais pobres da Ásia é apelar para os países vizinhos da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), a China e a Índia, que mantêm boas relações com a ditadura.
No domingo, o chefe da Junta Militar, general Than Shwe, finalmente visitou as vítimas do ciclone. Mais tarde, chegou ao país o subsecretário-geral para ajuda humanitária da ONU, John Holmes, em sua primeira viagem ao país depois da tragédia. Na quarta ou quinta-feira, o secretário-geral Ban Ki Moon vai a Yangum pressionar a junta a aceitar mais ajuda internacional e permitir o acesso de estrangeiros aos locais mais distantes e de difícil acesso.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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