A Rússia elege seu novo presidente no próximo domingo, 2 de março. Mas não há grande expectativa. Como sempre, o vencedor será o candidato oficial do Kremlin. Desta vez, o escolhido é o vice-primeiro-ministro Dimitri Medvedev.
O grande eleitor é o presidente Vladimir Putin, que escolheu Medvedev, já que a Constituição da Rússia só permite uma reeleição. Mas Putin, ex-diretor do Serviço Federal de Segurança, sucessor do KGB (Comitê de Defesa do Estado), a temida polícia política soviética, não vai deixar o poder. Será primeiro-ministro do futuro presidente.
Putin chegou ao poder pelas mãos de seu antecessor, Boris Yeltsin. Para garantir a vitória em 2000, travou uma guerra sanguinária contra a república rebelde da Chechênia, uma política de terra arrasada.
Durante seu governo, empresários foram presos, jornalistas e adversários do regime assassinados e a imprensa censurada. Com uma canetada, o novo czar acabou com as eleições diretas para governadores das 89 unidades administrativas da Federação Russa.
Na democracia de Putin, ele escolhe os vencedores.
Em uma tentativa de resgatar o poder imperial soviético, Putin ameaça as antigas repúblicas soviéticas, por exemplo, cortando o fornecimento de gás. Aproximou-se do Irã para romper o isolamento a que o regime dos aiatolás foi submetido por estar sob suspeita de fabricar a bomba atômica. Adotou a Internacional Comunista como Hino da Rússia. Ressuscitou as paradas militares na Praça Vermelha. E adverte para o risco de uma nova corrida armamentista no espaço.
A recuperação econômica da Rússia lhe garante o apoio da classe média emergente na era pós-comunismo. Ela se deve muito mais à alta dos preços do petróleo do que às políticas de Putin. Mas a maioria dos russos não percebe isso. Prefere ter um homem-forte no Kremlin.
Depois da crise asiática, com a queda nos preços do petróleo, a Rússia quebrou em agosto de 1998. O colapso do rublo, que passou de cerca de sete para 31 por dólar, estimulou o renascimento da indústria nacional.
Com a volta do acelerado crescimento da Ásia, especialmente na China e na Índia, o preço do barril de petróleo subiu de cerca de US$ 10 para os US$ 100 de hoje.
Rica em energia, a Rússia apresenta hoje as maiores taxas de crescimento dos países do Grupo dos Oito (EUA, Japão, China, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia). Este é o segredo do sucesso de autocrata obscurantista.
Na edição deste domingo, o jornal The New York Times revela as táticas fascistas dos partidários de Putin para sufocar a oposição.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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