O líder do Partido Popular Paquistanês, Assif Ali Zardari, viúvo da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, mudou de opinião de um dia para o outro e anunciou na quarta-feira estar pronto para formar uma grande aliança para governar o Paquistão.
Como o PPP elegeu 33% dos deputados eleitos do parlamento paquistanês, o PPP conquistou o direito de formar o governo do país, que adota o regime parlamentarista.
Na terça-feira, Zardari dissera que formaria o governo com quaisquer partidos, menos com a Liga Muçulmana do Paquistão-Q, o partido do ditador, general Pervez Musharraf.
Grande derrotado na eleição, com apenas 14% das cadeiras para seu partido, o general ficou sob pressão dos dois maiores partidos do país para renunciar à presidência. Mas anunciou que permaneceria no cargo como "coordenador do processo de democratização".
Musharraf era comandante do Exército em 1999, quando o então primeiro-ministro Nawaz Sharif tentou destituí-lo e foi derrubado.
A História do Paquistão independente mostra que a maior parte do tempo o país foi governado por generais. O golpe só dá certo quando é dado pelo comandante do Exército. Mas esse não falha. Nenhum governo civil cumpriu todo o mandato.
Zardari deve ter percebido que Musharraf ainda tem o apoio do Exército, quando fala em "unir todas as instituições", inclusive o Exército, fiador da unidade nacional. Já avisou que não será candidato a primeiro-ministro. O PPP deve indicar outro nome.
O general Musharraf também tem o apoio dos Estados Unidos, já que é o guardião das armas nucleares do Paquistão, grande sonho dos terroristas muçulmanos.
Quando Benazir Bhutto voltou ao Paquistão, com o apoio americano, a expectativa era de um acordo com Musharraf. O general continuaria como presidente e Benazir seria primeira-ministra.
Essa rearticulação está sendo refeita.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário