Depois da diplomacia do futebol e do pingue-pongue, agora chegou a vez da música.
A Orquestra Filarmônica de Nova Iorque se apresenta hoje em Pionguiangue num concerto inédito, a convite do regime stalinista da Coréia do Norte. O próximo convidado é o guitarrista inglês Eric Clapton.
Para romper o isolamento de um dos países mais fechados do mundo, a ditadura militar norte-coreana apelou para a música. Há precedentes no esporte.
Pelé parou a guerra civil de Biafra, na Nigéria, nos anos 60. Os nigerianos queriam ver o Santos do Rei.
Antes da visita do secretário de Estado americano, Henry Kissinger, à China, em 1971, Mao Tsé Tung convidou uma equipe de tênis de mesa dos Estados Unidos.
"Esses contatos culturais são uma maneira de promover o entendimento entre países", declarou um funcionário norte-coreano ao jornal inglês Financial Times, que divulgou a notícia sobre o convite a Clapton. "Queremos que nossa música seja entendida no Ocidente e que nosso povo entenda a música ocidental."
A Orquestra Sinfônica Estatal da Coréia do Norte deve se apresentar em Londres durante o próximo verão no Hemisfério Norte.
Clapton aceitou "em princípio", sugerindo que o show seja programado para 2009.
O mais extraordinário do convite ao chamado deus da guitarra é que, enquanto a música clássica é cultivada na Coréia do Norte, o rock e a música pop são censurados como uma degeneração cultural do Ocidente.
Desde o colapso da União Soviética, o regime comunista norte-coreano vive sua pior crise e faz uma chantagem nuclear contra o resto do mundo. Chegou a fazer uma explosão nuclear em 2006. No ano passado, fez um acordo com os EUA para renunciar às armas atômicas em troca de uma substancial ajuda econômica em energia e alimentos.
As negociações para implementar o acordo estão congeladas. Pionguiangue ainda não revelou onde estão todas as suas instalações nucleares. A música pode ajudar no degelo, como o pingue-pongue aproximou americanos e chineses em plena Revolução Cultural Proletária na China, durante a Guerra Fria.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Coréia do Norte apela à diplomacia da música
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