Com relatos de luta interna pelo poder e derrotas no campo
de batalha, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante está adotando medidas extremas para conter as
deserções, extremas mesmo para o EI.
Centenas de milicianos foram
executados, inclusive com métodos brutais como ser queimado vivo ou congelado
até a morte, denunciam Mara
Revkin & Ahmad Mhidi, pesquisadores da revista Foreign Affairs, em artigo publicado ontem.
O ensaio se baseia em entrevistas feitas com sírios que abandonaram a organização terrorista decepcionados com o fracasso do sonho de criar um Califado onde o islamismo seria aplicado de maneira rigorosa. Eles viram o Estado Islâmico executar amigos e amigos de infância morrerem no campo de batalha.
Alguns aderiram a outros grupos porque seu objetivo maior era lutar contra a ditadura de Bachar Assad.
Os autores investigam os motivos dos jovens para aderir ao Estado Islâmico:
1. Verdadeiros fiéis que acreditam num califado
ideologicamente puro
2.
Criminosos procurados e inimigos capturados não
têm alternativa.
3.
Razões econômicas: com a guerra civil, o
desemprego na Síria é o maior no mundo árabe. Os combatentes do EI ganham a
partir de US$ 400/mês
4.
O grande inimigo é o regime de Assad e o EI a
maior esperança de derrotá-lo.
5.
Oportunistas interessados em maximizar riqueza e
poder.
Também levantam as razões para abandonar o Estado Islâmico:
1.
Sensação de que o Estado Islâmico está perdendo
e fica mais fraco a cada dia.
2.
O EI é tão despótico quanto o regime de Assad e
outras ditaduras do Oriente Médio: tortura, censura, execuções sumárias e total
controle da sociedade civil.
3.
Para impor a verdadeira justiça, o EI prometia
combater o favoritismo e a corrupção. Na prática, quem tem ligação com a cúpula
recebe tratamento preferencial e não sofre punição por atos considerados de má
conduta como fumar ou usar drogas ilegais. Os voluntários estrangeiros ganham
mais e têm privilégios em relação a sírios e iraquianos, que cumprem as tarefas
mais difíceis e arriscadas na linha de frente.
4.
Sírios estão desertando para não serem enviados
para campos de batalha no Iraque e na Líbia, já que entraram na guerra civil
para derrubar Bachar Assad.
5.
Alguns voluntários sírios se negaram a atacar o
Exército da Síria Livre alegando que o inimigo é o regime sírio.
Em resposta à deserção dos combatentes, o Estado Islâmico estaria recrutando cada vez mais crianças e menores como soldados, os “filhotes do Califado”. Um desertor que fugiu de Deir el-Zur declarou que 60% de sua unidade eram menores de 18 anos.
Em resposta à deserção dos combatentes, o Estado Islâmico estaria recrutando cada vez mais crianças e menores como soldados, os “filhotes do Califado”. Um desertor que fugiu de Deir el-Zur declarou que 60% de sua unidade eram menores de 18 anos.
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