CAMBRIDGE-MA, EUA - Apesar da "guerra contra o terror" declarada pelo então presidente George Walker Bush depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, o total de mortes por terrorismo aumentou cinco vezes, chegando a um total de 18 mil mortos em 2013, uma alta de 60% em relação ao ano anterior, adverte um relatório divulgado hoje, informa o jornal inglês The Guardian.
Quatro grupos terroristas são responsáveis pela maioria das mortes, aponta o Índice do Terrorismo Global: o Estado Islâmico, no Iraque e na Síria; Boko Haram, na Nigéria; a milícia dos Talebã (Estudantes), no Afeganistão; e a rede terrorista Al Caeda em várias regiões do planeta.
Só 5% das mortes aconteceram em países desenvolvidos. Cerca de 80% foram registradas em cinco países: Iraque, Afeganistão, Paquistão, Nigéria e Síria. Houve aumento de casos em Bangladesh, Burúndi, Costa do Marfim, Etiópia, Israel, Irã, Mali, México, República Centro-Africana e Uganda.
O relatório só trata do terrorismo de grupos irregulares. Ignora o terrorismo de Estado, cometido pelos Estados Unidos, a Rússia e muitos outros países na luta contra vários tipos de rebeldes armados. Mas desnuda o fracasso da estratégia antiterrorista adotada por Bush, que consumiu US$ 4,4 trilhões nas guerras no Afeganistão e no Iraque e em outras operações.
De 3.361 mortes em 2000, o número subiu para 11.133 em 2012 e 17.958 no ano passado. Ao todo, nos últimos 14 anos, foram 107 mil mortes. A expectativa é de um aumento neste ano por causa da ofensiva do Estado Islâmico.
Houve uma queda a partir de 2007, com o reforço das tropas americanas na guerra do Iraque, e um forte aumento desde 2011 devido principalmente à guerra civil na Síria, causada pela Primavera Árabe e não por uma intervenção militar americana. Mas o Estado Islâmico é filho do caos e da anarquia gerados pela invasão do Iraque.
Além da repressão aos crimes cometidos pelos terroristas, o relatório recomenda uma ação política para integrar as populações alienadas como os sunitas do Iraque, excluídos desde a queda do ditador Saddam Hussein, em 2003. A mesma fórmula foi empregada para acabar com o terrorismo nos anos 1960s e 1970s.
"Mais de 80% das organizações terroristas pararam de operar", afirma o relatório. "Só 10% dos grupos terroristas atingiram seus objetivos políticos e só 7% foram eliminados militarmente."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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