O ex-soldado do comando de elite Seals (Focas) da Marinha dos Estados Unidos Robert O'Neill, de 38 anos, condecorado nas guerras do Afeganistão e do Iraque, foi apontado ontem como o homem que matou o líder terrorista Ossama ben Laden, no Paquistão, em 2 de maio de 2011. Ele foi identificado pelo sítio SOFREP, publicado por ex-colegas de forças de operações especiais descontentes, que o acusam de quebrar o código de honra que exige sigilo absoluto de seus integrantes
O'Neill, do estado de Montana, pretendia revelar sua identidade numa entrevista exclusiva à televisão americana Fox News. Ele serviu durante 15 anos no comando de elite Seals. Em 2009, participou da operação de resgate de um navio mercante capturado por piratas da Somália, episódio que virou o filme Capitão Phillips.
Naquela noite, O'Neill era o segundo na coluna de soldados que invadiu o esconderijo de Ben Laden. Em entrevista ao jornal The Washington Post, ele reafirmou ter desferido o tiro fatal na cabeça do líder da rede Al Caeda, mesmo admitindo que dois outros soldados atiraram, inclusive Mark Bissonnette, que contou sua versão do ataque no livro No Easy Day (Um dia que não foi fácil).
A quebra de sigilo gerou insatisfação nas Forças Armadas dos EUA. Em carta aos soldados das forças de operações especiais da Marinha em 31 de outubro de 2014, o comandante B. L. Losey, advertiu que um aspecto crítico da profissão é "não fazer propaganda nem buscar reconhecimento pelas ações. Não concordamos com o desrespeito egoísta e voluntarioso a nossos valores fundamentais em troca de notoriedade pública ou ganhos financeiros."
Foi em encontros privados com parentes de vítimas dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, alegou O'Neill, que ele decidiu revelar como Ben Laden foi morto. "As famílias me disseram que aquilo dava uma sensação de encerramento".
Em fevereiro de 2013, a revista Esquire publicou uma entrevista do repórter Phil Bronstein identificando O'Neill apenas como o Atirador.
Quando cinco soldados da tropa de elite Seals chegaram ao terceiro andar da principal casa do complexo, na cidade de Abotabade, no Paquistão, O'Neill era o segundo na fila. Quando Ben Laden apareceu na porta entrearberta, disse o soldado, o homem que estava na linha de frente disparou um tiro e errou.
"Passei por ele e entrei na sala", lembrou O'Neill. "Ali estava Ben Laden, de pé." Com seu equipamento de visão noturna, o soldado pode ver suas feições. "Naquele segundo, atirei duas vezes na testa dele. Ele caiu no chão diante da cama e eu o atingi de novo."
Como o crânio do terrorista foi rachado ao meio, O'Neill não teve dúvida: Ben Laden estava morto.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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