terça-feira, 25 de novembro de 2014

Júri não denuncia policial branco que matou jovem negro nos EUA

CAMBRIDGE-MA, EUA - Uma multidão protesta nas ruas da cidade de Ferguson, no estado do Missouri, na madrugada desta terça-feira depois do anúncio de uma decisão do júri popular de não processar criminalmente o policial branco Darren Wilson, que matou em 9 de agosto de 2014 o jovem negro Michael Brown, que estava desarmado, deflagrando manifestações violentas na época, retomadas agora.

Pelo menos dois carros da polícia, outros veículos e 24 lojas foram incendiadas, outras depredadas e saqueadas, 150 tiros foram disparados e policiais atacados com pedras e garrafas. A polícia reagiu com bombas de gás lacrimogênio e prendeu 61 manifestantes.

Também há protestos em Nova York, Los Angeles, Oakland, Miami Beach e na Filadélfia. A família de Brown expressou "profundo descontentamento", mas condenou a violência.

Ao anunciar a decisão, o procurador do condado de São Luís, a principal cidade do Missouri, Robert McCulloch, no cargo desde 1991, deixou claro seu apoio ao júri popular, levando os repórteres a supor que tenha aconselhado seus promotores a não processor o policial. Nos EUA, juízes e procuradores são eleitos pelo voto popular. MacCulloch é do Partido Democrata,

Brown, de 18 anos, era suspeito de roubar uma loja quando foi interpelado pela polícia. Testemunhas contam que Brown discutiu com Wilson quando este estava dentro do carro da polícia. Algumas versões dizem que Wilson tentou puxar Brown para dentro da viatura, enquanto outros afirmam que ele tentou tomar o revólver do policial.

O agente deu um tiro de advertência. Neste momento, Brown teria se virado e, de acordo com a defesa, avançado ameaçadoramente em direção ao policial. Isso justificaria a alegação de que Wilson agiu em legítima defesa. Outras fontes disseram que o jovem foi assassinado depois de levantar as mãos para se render. A polícia só divulgou o nome do agente seis dias depois.

Todas essas controvérsias deveriam ser objeto de um processo criminal onde o policial teria chance de provar sua inocência. O júri de 12 pessoas, sendo nove brancas, preferiu não denunciar Wilson. Isso foi considerado inaceitável pela comunidade negra da Grande São Luís, que se sentiu discriminada.

Em pronunciamento na televisão, o presidente Barack Obama pediu calma, argumentando que a depredação e a violência não são meios adequados para manifestar o descontentamento. A senadora estadual Maria Chappelle-Nadal declarou à televisão MSNBC que a decisão foi mais um sinal do "racismo institucionalizado no governo estadual do Missouri".

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