Ao assumir a liderança do Partido Comunista, no mês passado, o vice-presidente Xi Jinping não só se encaminhou para ser o próximo presidente da China, a partir de março de 2013, por um período de cinco anos, com direito a uma releição. Também assumiu o comando da poderosa Comissão Militar Central, que controla o Exército Popular de Libertação.
Durante o período em que mais mandou na China, o arquiteto da reforma econômica, Deng Xiaoping, tinha na chefia da Comissão Militar seu único cargo oficial. Quando o ex-presidente Jiang Zemin encerrou seu decênio, em 2002, manteve o comando das Forças Armadas. O atual presidente Hu Jintao transfere todos os poderes para Xi daqui a quatro meses.
O favorito de Hu seria o novo vice-líder do partido, Li Keqiang, que deve ser o próximo primeiro-ministro, encarregado da administração econômica da segunda maior economia do mundo. Mas um acidente com uma Ferrari vermelha em que morreu o filho de um alto assessor e protegido de Hu selou sua sorte.
A morte de Ling Gu aos 23 anos foi encoberta para abafar o escândalo. Mas é cada vez mais evidente para os chineses bem informados - e há 400 milhões na Internet - que os filhos dos poderosos levam uma vida de luxo e privilégios inimagináveis para os chineses comuns, a não ser quando uma Ferrari em alta velocidade destrói seus sonhos megalomaníacos.
Hu saiu fortalecido do escândalo que levou à desgraça Bo Xilai, líder em ascensão da linha dura, em março e abril deste ano. As manobras de Ling Jihua para proteger o filho abriram o flanco para a facção do ex-presidente Jiang Zemin, considerado hoje a eminência parda do PC chinês, o maior poder por trás do trono, observa o jornal The New York Times.
Jiang teria indicado a maioria dos cinco novos membros do Comitê Permanente do Poliburo do Comitê Central do PC, que foi reduzido de nove para sete membros. E Xi começa assumindo logo plenos poderes.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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