terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Diário de Viagem: Rodovia da Morte é de matar

Por volta de oito horas da noite de sábado, saí do Rodoanel, enchi o tanque e entrei na Régis Bittencourt (São Paulo-Curitiba), mais conhecida como Rodovia da Morte, onde mais de 1,7 mil pessoas morreram em acidente no ano passado. Há cinco anos, não passava por ali, onde um trecho permanece não duplicado.

Logo caiu uma tempestade que alagou parcialmente a pista e chegou a desestabilizar meu caro, que ameaçou rodopiar numa estrada cheia, com risco de acidente grave. Mas a uns 50km ao sul de São Paulo, tudo parou. Formou-se uma fila imensa de caminhões que andava lentamente e parava por períodos de até 15 minutos.

Sem ter o que fazer, os caminhoneiros e outros motoristas desligavam os motores à espera de que a fila se mexesse. Uns falavam pelo rádio; outros checavam os pneus. Era uma total resignação de quem está acostumado a uma das piores estradas do país, a mais importante ligação da capital econômica do Brasil com o Sul.

Foram três horas e meia de engarrafamento sem outro motivo aparente que o excesso de tráfego. Esta foi a explicação de um funcionário da concessionária que explora a via. Se há um acidente grave ou um ataque de criminosos como sugeriu um funcionário do pedágio, o suplício seria ainda maior

Então, me pergunto: como pode um país como o Brasil, caindo para sétima economia mundial, conviver com tanta incompetência, descaso e desamparo? Quando o governo vai atacar os gargalos de infraestrutura que estrangulam a competitividade da economia?

Sei que os motores de combustão interna estão em baixa em tempos de aquecimento global e tempestades bíblicas. Mas não havendo alternativa, não há desculpa para não duplicar a estrada mais importante do país, a BR-116, num de seus trechos mais críticos, a Serra do Cafezal.

Soube que a obra não sai por falta de autorização do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), preocupados com preservar o que resta de verde no estado de São Paulo. Mas o órgão que não consegue preservar a Amazônia brasileira por causa das alianças governistas com os setores mais retrógrados da região e do agronegócio deveria se preocupar também em preservar vidas humanas que passam pela estrada mais importante do Brasil.

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