sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Líder supremo do Hamas volta à Palestina após 45 anos

Quarenta e cinco anos depois de fugir ainda criança dos territórios ocupados por Israel na Guerra dos Seis Dias, o dirigente máximo do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Khaled Mechal, voltou hoje à Faixa de Gaza para participar amanhã da festa de 25 anos do partido.

Ao chegar, Mechal beijou o chão do sonhado Estado nacional palestino, onde não pisava desde os 9 anos da idade, quando sua família se mudou da Cisjordânia ocupada para o Kuwait. Ele recebeu garantias do Egito e de outros países árabes de que não seria assassinado.

É uma tentativa de compensar a publicidade obtida pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, com a elevação do status da Palestina para Estado não membro pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, e de reafirmar a posição do Hamas como representante legítimo do povo palestino, reforçada por ter resistido a uma ofensiva militar israelense no mês passado.

"Este é meu terceiro nascimento", declarou emocionado o líder palestino, que nasceu na Cisjordânia, viveu 37 anos no exílio e hoje esteve na Faixa de Gaza pela primeira vez.

Mechal deve sua vida ao falecido Rei Hussein, da Jordânia. Em 25 de setembro de 1997, ele foi envenenado na Jordânia pelo Mossad, o serviço de espionagem israelense, a mando do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para vingar um atentado terrorista contra um mercado em Israel.

Dois agentes israelenses entraram na Jordânia com passaportes canadenses falsos e injetaram o veneno em Mechal, mas foram detidos por guarda-costas do líder do Hamas e entregues à polícia. A conspiração assassina estava revelada.

O Rei Hussein ligou pessoalmente para Netanyahu e ameaçou romper o acordo de paz entre os dois países. Israel revelou qual era o veneno e qual o antídoto necessário para neutralizá-lo.

Em relação ao processo de paz, Mechal defende a criação de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Nega-se a reconhecer o direito de existência de Israel e a abandonar a luta armada enquanto a ocupação não acabar. Esta atitude ambígua e as ações violentas contra civis levaram o Hamas a ser declarado um grupo terrorista por Israel, Europa e Estados Unidos.

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