Subiu para 15 mil a estimativa oficial de mortes feita pelo governo de Mianmar, a antiga Birmânia, no Sudeste Asiático, pela passagem do ciclone Nargis, com ventos de 190 quilômetros por hora no último sábado, 3 de maio de 2008. Só numa cidade teriam morrido `0 mil pessoas.
Cerca de 6 milhões de desabrigados estão passando a terceira noite ao relento, sem água nem energia elétrica. Os telefones não funcionam e os preços dos combustíveis dispararam.
A ditadura militar que desgoverna o país há 46 anos rompeu o isolamento internacional para aceitar ajuda externa mas não suspendeu um plebiscito sobre reforma constitucional marcado para o dia 10, apenas uma semana depois da devastação.
Na Casa Branca, a primeira-dama Laura Bush acusou o governo de Mianmar de não ter autorizado ainda a entrada de ajuda oferecida pelos Estados Unidos. Laura Bush declarou que acompanha com interesse a situação na antiga Birmânia e a luta da líder da oposição, Aung San Suu Kyi, ganhadora do Prêmio Nobel 1991 que passou a maior parte dos últimos 18 anos sob prisão domiciliar.
Apesar da tragédia, a junta militar manteve para o próximo sábado um referendo para aprovar reformas constitucionais que levariam à realização de eleições em 2010.
Tudo o que a máfia de generais que controla Mianmar não quer saber é de eleição. As reformas foram prometidas sob a pressão dos protestos democráticos de setembro do ano passado, último desafio mais sério a um regime instalado em 1962 que transformou um país relativamente próspero, rico em recursos naturais, num dos mais pobres da Ásia.
A catástrofe natural servirá para mostrar um pouco ao mundo a tragédia política de Mianmar.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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