O homem que enterrou o comunismo e a União Soviética foi sepultado na quarta-feira, 25 de abril, em Moscou, com a presença de dois ex-presidentes dos Estados Unidos, George Bush sr. (1989-93) e Bill Clinton (1993-2001), e do último líder soviético, Mikhail Gorbachev (1985-91). Primeiro presidente eleito da História da Rússia, Boris Nikolaievitch Yeltsin (1991-99) não foi o pai da democracia no país. Essa honra cabe a Gorbachev.
Yeltsin, que morreu na segunda-feira aos 76 anos de problemas do coração, presidiu à caótica introdução do capitalismo em seu país, com um escandaloso programa de privatizações que gerou uma máfia de barões ladrões. É considerado um traidor pelos comunistas por ter acabado com a URSS e um herói pelos inimigos do antigo regime.
Camponês como o líder soviético Nikita Kruschev (1953-64), Boris Nikolaievitch nasceu em Sverdlosk, em 1º de fevereiro de 1931. Seu pai, condenado por agitação anti-soviética em 1934, cumpriu pena de três anos de trabalhos forçados no gulag.
Ele se formou em engenharia civil no Instituto Politécnico dos Urais em 1955 e entrou para o Partido Comunista em 1961. Em 1963, tornou-se engenheiro-chefe e, em 1965, presidente do Coletivo de Construção Habitacional de Sverdlosk. Em 1968, entrou para a nomenklatura, ao ser nomeado chefe de construções do comitê regional do Partido Comunista.
Oito anos depois, tornava-se primeiro-secretário do PC em Sverdlosk, uma das principais regiões industriais da Rússia, cargo que ocupou até 1985. Neste período, destruiu, por ordem do Kremlin, a Casa Ipatiev, em Ecaterimburgo, onde o último czar, Nicolau II, e sua família tinham sido mortos pelos bolcheviques em julho de 1918, depois da revolução comunista. E construiu um palácio para sede do PC.
Mais tarde, Yeltsin diria: “Sinceramente, eu acreditava nos ideais de justiça propagados pelo partido”.
Com a ascensão de Mikhail Gorbachev a secretário-geral do PCUS, em 11 de março de 1985, Yeltsin teria sua chance. Em 24 de dezembro de 1985, ele foi nomeado para o Birô Político (Politburo) do Comitê Central do Partido Comunista, a instituição maxima do poder soviético, e primeiro-secretário do partido em Moscou. Na prática, tornou-se prefeito da capital da URSS. Ao usar os transportes públicos para ir trabalhar, revelou seu populismo.
Líder da ala ultra-reformista no começo das reformas de Gorbachev, Yeltsin perdeu a posição de prefeito de Moscou na luta da hierarquia comunista contra a glasnost (transparência, a abertura política) e a perestroika (reestruturação, a reforma econômica). Caiu por manobra do vice-líder do PC, Igor Ligachev, principal adversário de Gorbachev, em 21 de outubro de 1987.
Voltou em 1989 como deputado mais votado da Rússia. Em 1990, foi eleito presidente do Soviete Supremo da Federação Russa, o que na prática o tornou presidente da maior e mais importante república soviética.
A confirmação no cargo veio em 12 de junho de 1991, na primeira eleição presidencial direta da História da Rússia. Yeltsin ganhou com 57%, vencendo o ex-primeiro-ministro soviético Nikolai Rijcov, candidato de Gorbachev.
Leia a íntegra na minha coluna no Baguete.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário