Em um desafio à política do governo George Walker Bush para o Oriente Médio, a presidente da Câmara de Representantes, deputada Nancy Pelosi, principal líder democrata no Congresso dos Estados Unidos, encontrou-se hoje em Damasco com o presidente da Síria, Bachar al-Assad, considerado um dos maiores inimigos dos americanos na região.
Bush criticou Nancy Pelosi, alegando que o contato com a Síria, acusada pelo Departamento de Estado de apoiar grupos terroristas, "contraproducente". Mas o ex-presidente Jimmy Carter, do Partido Democrata, declarou hoje estar "feliz por ela ter ido. Quando há uma crise, a melhor maneira de resolvê-la é negociar com as pessoas-chaves para solução do problema".
Em outras palavras, a paz negocia-se com o inimigo, não com amigos.
Pelosi está na Síria desde terça-feira, onde manifestou a Assad sua preocupação com o apoio sírios a grupos militantes palestinos que são contra um acordo de paz com Israel e à milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá (Partido de Deus).
A Síria é a principal aliada do Irã no mundo árabe, exerce forte influência sobre os muçulmanos libaneses e não está negociando a paz com Israel, que ocupou as Colinas do Golã, na Guerra dos Seis Dias, em 1967, anexando-as em 1981. Israel controla ainda o Mar da Galiléia, que os sírios gostariam de compartilhar, porque fica na fronteira entre os dois países.
No final do ano passado, o Grupo de Estudos sobre o Iraque, presidido pelo ex-secretário de Estado James Baker e pelo ex-deputado democrata Le Hamilton, fez diversas sugestões, inclusive a abertura de diálogo com a Síria e o Irã. Nancy Pelosi, que lidera a oposição à guerra na Câmara e quer marcar prazos para a retirada dos EUA do Iraque, decidiu conversar com Assad.
Do Jardim de Rosas da Casa Branca, Bush mandou sua resposta: "Fotos e encontros com o presidente Assad levam seu governo a acreditar que eles são parte da comunidade internacional, quando, de fato, é um Estado que patrocina o terrorismo".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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