quinta-feira, 12 de abril de 2007

Controle do clima exige ação imediata

Depois da onda de catastrofismo provocada pela divulgação do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (PIMC), com os prognósticos sobre os resultados do aquecimento da Terra, afinal uma boa notícia: se forem tomadas providências imediatas, o custo para manter o aumento de temperatura média do planeta numa faixa de até 2ºC até 2030 seria de apenas 0,6% do produto mundial bruto, hoje um pouco acima de US$ 42 trilhões, algo em torno de US$ 2,5 trilhões.

“Há um grande potencial econômico para limitar as emissões de gases que causam o efeito estufa em todos os setores nas próximas décadas, e até mesmo para reduzi-las abaixo dos níveis atuais”, indica o relatório do Grupo de Trabalho 3 do PIMC. O texto final sugerindo medidas para atacar o problema só será publicado em maio.

A proposta defende ações contundentes em curto prazo para reverter a tendência do atual aquecimento do planeta pela ação humana. “As medidas que serão tomadas para atenuar o aquecimento do planeta nos próximos 30 anos determinarão até que ponto a temperatura média do globo aumentará e as conseqüências ambientais deste aumento”, advertem cientistas de mais de 100 países. Eles calculam que as emissões de CO2 geradas pela ação humana crescerão entre 40% e 110% até 2030, especialmente nos países em desenvolvimento.

Sem uma ação decidida, o aumento da temperatura da Terra provocado pelo homem pode deixar 1 bilhão de pessoas sem água, levar a um grande aumento da fome no mundo e à extinção de 30% das espécies de animais e plantas nos próximos 50 anos, alertou o relatório do PIMC divulgado em 6 de abril em Bruxelas, na Bélgica, com foco nas futuras conseqüências do efeito estufa.

Pelo prognóstico dos cientistas, basta um aumento de dois graus centígrados em relação à temperatura média de 1990 para causar uma nova extinção em massa. A previsão, no momento, é de uma elevação de 1,8ºC a 4ºC neste século.

As regiões que sofrem com falta de chuva, como o Nordeste do Brasil, podem virar desertos. A América Latina pode perder 50% de seus terras agrícolas até 2050. Na África, a produção de alimentos pode cair à metade. Até a Floresta Amazônica e as neves eternas da cordilheira do Himalaia correm o risco de desaparecer. A Amazônia passaria de floresta a savanna. As praias podem desaparecer, engolidas pela elevação do nível dos mares. Os furacões, as enchentes, as ondas de calor e as tempestades tendem a se tornar mais violentas.

O problema é que os efeitos atingirão desproporcionalmente os países mais pobres, situados em zonas mais quentes. Esses países entendem, com razão, que os principais responsáveis pelo aquecimento global são os países industrializados. Potências emergentes como China e Índia relutam em impor limites que reduzam seu crescimento.

Por outro lado, quando se negou a assinar o Protocolo de Quioto, que pretende congelar até 2012 as emissões de gases que causam o efeito estufa nos níveis de 1990, o presidente George W. Bush alegou que isto reduziria o crescimento econômico dos EUA. Daria vantagem a uma concorrente como a China, que cresce rapidamente sem maiores preocupações ambientais.

Bush entende que qualquer acordo precisa ser global. Diversos países soberanistas, que se negam a abrir mão da soberania nacional em busca do bem comum, caso dos EUA, China, Índia e Rússia, que ao mesmo tempo são ou serão grandes poluidores, podem dificultar a adoção rápida de medidas efetivas contra o efeito estufa.

Para o Brasil, há uma grande oportunidade porque a maioria das emissões não sai do setor produtivo e moderno da economia; 75% devem-se às queimadas. Simplesmente combate queimadas e derrubadas o país pode aumentar seu poder de barganha em negociações internacionais de meio ambiente.

Leia a íntegra na minha coluna no Baguete.

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