O ex-diretor da Agência Central de Inteligência (CIA) George Tenet responsabiliza o vice-presidente Dick Cheney e outros altos funcionários do governo George W. Bush pela guerra no Iraque, acusando-os de jamais terei realizado um "debate sério" sobre a ameaça real que Saddam Hussein representava para os Estados Unidos.
No livro No Centro de Tempestade, que será lançado na próxima segunda-feira, Tenet tenta de desvincular das alegações sobre as armas de destruição em massa de Saddam que teriam justificado a guerra. Ele admite que usou em encontro com o presidente a expressão do basquete americano "slam dunk" (uma bola que é só enterrar na cesta), como se estivesse certo de que o Iraque tinha armas proibidas pela ONU. Mas, na sua opinião, isso não alteraria a determinação de Bush de ir à guerra.
Tenet acredita que o governo Bush quis colocá-lo como bode expiatório: "Nunca houve um debate sério que eu saiba dentro do governo sobre a iminência da ameaça iraquiana", defende-se Tenet. "Nem houve nunca qualquer discussão significativa" sobre a possibilidade de conter o Iraque sem a invasão.
Nem a Medalha da Liberdade Tenet diz que queria aceitar. Mudou de idéia quando viu que a homenagem era "ao trabalho da CIA contra o terrorismo, não no Iraque".
Ele duvida do sucesso da nova estratégia de Bush para o Iraque: "Talvez funcionasse há mais de três anos", comenta Tenet no seu livro, obtido pelo jornal The New York Times. "Meu medo é que a violência sectária no Iraque tenha tomado vida própria e que as forças dos EUA estejam se tornando cada vez mais e mais irrelevantes no controle dessa violência".
O ex-diretor da CIA acrescenta ainda que houve vários alertas sobre terrorismo e a necessidade de enfrentar Ossama ben Laden antes de 11 de setembro de 2001. Mas ninguém deu maior atenção antes dos atentados contra Nova Iorque e o Pentágono. Tenet prevê que o terror voltará a atacar no território dos EUA: "Al Caeda está aqui esperando".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário