Sob a ameaça de não chegar ao segundo turno da eleição presidencial francesa, a exemplo do que aconteceu com o primeiro-ministro Lionel Jospin em 2002, a candidata socialista Ségolène Royal rejeitou uma aliança com o candidato centrista François Bayrou. Afinal, no momento, é ele quem mais ameaça sua vaga no segundo turno.
A votação em primeiro turno será realizada no próximo domingo, 22 de abril.
Pelas pesquisas, o candidato conservador Nicolas Sarkozy, ex-ministro do Interior, deve ser o primeiro com quase 30% dos votos. Duas pesquisas divulgadas ontem apontavam tendências diferentes na disputa pelo segundo lugar entre Ségolène e Bayrou. Numa, a vantagem da candidata do PS aumentava. Na outra, diminuía.
Na média das pesquisas, Sarkozy tem 28,3 % (entre 26% et 30 %, segundo os institutos BVA, Ipsos, Ifop, CSA et TNS-Sofres) contra 24,4% para Ségolène (23% a 26%), 18,4 % para Bayrou (17% à 21%) e 13,5% para o neofascista Jean-Marie Le Pen (12% a 15%).
Se cair, Ségolène fica num empate técnico com Bayrou, o que deixa a corrida em suspenso até a contagem dos votos na urna
No domingo, o presidente do PS, François Hollande, marido de Ségolène, declarou que sua presença no segundo turno, em 6 de maio, "não está certa".
Ao todo concorrem 12 candidatos, da esquerda radical à extrema direita representada por Le Pen, que tirou Jospin do segundo turno em 2002. À esquerda, disputando o voto com os socialistas, há três partidos trotskistas, o Partido Comunista Francês, que foi o segundo maior PC do Ocidente e hoje é quase inexpressivo, os Verdes e o candidanto antiglobalização José Bové. Eles somam 13% dos votos.
Ainda há 37% de indecisos. A expectativa dos analistas é que eles se dividam na mesma proporção que o resto do eleitorado, não afetando significativamente o resultado da pesquisa.
A proposta de uma aliança com Bayrou partiu de um dos caciques do PS, o ex-primeiro-ministro Michel Rocard. Nas pesquisas do instituto Ipsos sobre um possível segundo turno, Sarkozy bateria Ségolène por 53% a 47% mas perderia para Bayrou por 53,5% a 46,5%.
Então, como observou o jornal Le Monde, Ségolène corre risco no primeiro turno e Sarkozy no segundo, quando todos, menos a extrema direita, devem se unir contra ele.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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