A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, apelou ao Irã para que não perca a oportunidade e participe de uma conferência de alto nível para estabilizar o Iraque a ser realizada no Egito em 3 e 4 de maio. É um sinal de que os Estados Unidos estão interessados em iniciar um diálogo com a república islâmica que poderá incluir no futuro a questão nuclear. O Irã é suspeito de estar desenvolvendo armas atômicas. Foi submetido a sanções pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Em entrevista ao Financial Times de hoje, Rice declarou que, se o ministro do Exterior do Egito, Manouchehr Mottaki, não for ao Egito será uma "oportunidade perdida". Além dos EUA e dos vizinhos do Iraque, participarão da conferência as potências com direito de veto no Conselho de Segurança da ONU e do Grupo dos Oito.
Quando o Grupo de Estudos sobre o Iraque, presidido pelo ex-secretário de Estado James Baker, propôs o diálogo com os inimigos Irã e Síria, o governo George Walker Bush rejeitou inicialmente a proposta como "contraproducente".
Agora, Condoleezza declara ao FT que o objetivo do governo americano para o Irã não é mudança de regime mas "mudança de comportamento do regime".
Um dos pilares da Doutrina Bush, a Estratégia de Segurança Nacional dos EUA, é a promoção da democracia liberal como melhor forma de regime político para evitar e resolver conflitos. No Oriente Médio, significava "mudança de regime" na Autoridade Nacional Palestina, no Iraque, No Irã, na Síria e até mesmo em aliados tradicionais como a Arábia Saudita e o Egito, pressionados a promover reformas democratizantes.
O fracasso da ocupação do Iraque acabou com essa política de mudança de regime, fortalecendo as ditaduras do Oriente Médio. Se democracia é o que está acontecendo no Iraque, os povos da região preferem as velhas autocracias.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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