domingo, 29 de abril de 2007

EUA não soltam 82 presos de Guantânamo declarados inocentes

Mais de 20% dos 385 suspeitos de terrorismo detidos na base naval americana de Guantânamo, em Cuba, foram considerados inocentes mas sua libertação está sendo adiada há meses e pode demorar muitos mais porque o governo dos Estados Unidos não sabe para onde enviá-los, revela hoje o jornal The Washington Post.

Em fevereiro, o Departamento da Defesa dos EUA notificou 85 prisioneiros e seus advogados, informando-os que seriam libertados, depois de terem sua situação examinada por dois painéis militares. Mas 82 ainda estão eu Guantânamo, onde devem ficar indefinidamente, enquanto o governo americano decide quando deportá-los, para onde e sob que condições.

O Post comenta como será difícil esvaziar o centro de detenção criado no início de 2002 para receber o que o governo Bush chamou de "combatentes ilegais", por não pertencerem a exércitos regulares, não obedecerem a uma cadeia de comando, nem usarem uniforme, negando-lhes os direitos previstos nas Convenções de Genebra sobre prisioneiros de guerra.

Em muitos casos, é o país de origem que não quer receber seus cidadãos suspeitos de terrorismo. O Iêmen, por exemplo, está questionando a nacionalidade de 106 iemenitas. Outro problema: a lei dos EUA proíbe a extradição para países onde os extraditados possam ser submetidos a tortura ou outras violações dos direitos humanos. É caso de 17 muçulmanos chineses que temem ser executados se voltarem à China.

Além disso, os próprios EUA e seus aliados não costumam dar asilo a ex-prisioneiros sem pátria.

"De modo geral, a maioria dos países simplesmente não quer ajudar", admite John B. Bellinger, asssessor jurídico do Departamento de Estado. "Acham que não é um problema seu. Não contribuíram para criar Guantânamo e portanto não devem ser parte da solução."

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