Mais de 20% dos 385 suspeitos de terrorismo detidos na base naval americana de Guantânamo, em Cuba, foram considerados inocentes mas sua libertação está sendo adiada há meses e pode demorar muitos mais porque o governo dos Estados Unidos não sabe para onde enviá-los, revela hoje o jornal The Washington Post.
Em fevereiro, o Departamento da Defesa dos EUA notificou 85 prisioneiros e seus advogados, informando-os que seriam libertados, depois de terem sua situação examinada por dois painéis militares. Mas 82 ainda estão eu Guantânamo, onde devem ficar indefinidamente, enquanto o governo americano decide quando deportá-los, para onde e sob que condições.
O Post comenta como será difícil esvaziar o centro de detenção criado no início de 2002 para receber o que o governo Bush chamou de "combatentes ilegais", por não pertencerem a exércitos regulares, não obedecerem a uma cadeia de comando, nem usarem uniforme, negando-lhes os direitos previstos nas Convenções de Genebra sobre prisioneiros de guerra.
Em muitos casos, é o país de origem que não quer receber seus cidadãos suspeitos de terrorismo. O Iêmen, por exemplo, está questionando a nacionalidade de 106 iemenitas. Outro problema: a lei dos EUA proíbe a extradição para países onde os extraditados possam ser submetidos a tortura ou outras violações dos direitos humanos. É caso de 17 muçulmanos chineses que temem ser executados se voltarem à China.
Além disso, os próprios EUA e seus aliados não costumam dar asilo a ex-prisioneiros sem pátria.
"De modo geral, a maioria dos países simplesmente não quer ajudar", admite John B. Bellinger, asssessor jurídico do Departamento de Estado. "Acham que não é um problema seu. Não contribuíram para criar Guantânamo e portanto não devem ser parte da solução."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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