Na abertura da reunião de cúpula da sua Alternativa Bolavarista para as Américas (Alba), o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, prometeu anteontem suprir todas as necessidades energéticas de seus aliados, Bolívia, Cuba e Nicarágua, e de financiar a metade das vendas de petróleo venezuelano a estes países, em mais um gesto ousado de sua "diplomacia dos petrodólares".
"Chegou a hora de que o petróleo sirva para o desenvolvimento de nossos povos", declarou o caudilho venezuelano, proclamando o "nascimento de um novo mundo".
Outra alegação: a Alba está crescendo, enquanto a proposta americana de criar uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca) está morta. Mas enquanto a Alba reúne apenas Bolívia, Cuba, Nicarágua e Venezuela, com Equador e Haiti participando da conferência como observadores, os Estados Unidos fecharam acordos de livre comércio com Chile, Colômbia, Peru e seis países da América Central; Uruguai e Panamá estão na fila.
A reunião acontece no momento em que Chávez está sob grande pressão interna e externa por ter decidido não renovar a concessão da Radio Caracas Televisión (RCTV), no ar desde 1953, acusando-a de apoiar o golpe de 12 de abril de 2002. O líder venezuelano ameaçou deixar a Organização dos Estados Americanos: "Se a OEA, depois de tudo o que ocorreu aqui, condenar a Venezuela, a Venezuela sairá da OEA. Cuba saiu e não morreu".
Veja como Chávez usa seus petrodólares para cimentar suas alianças políticas antiamericanas:
• Argentina: o governo venezuelano já comprou mais de US$ 4 bilihões em títulos da dívida pública argentina.
• Bolívia: a empresa estatal Petroleos de Venezuela S. A. (PdVSA) anunciou no ano passado investimentos de US$ 1,5 bilhão no setor energético boliviano para compensar uma possível saída da Petrobrás, expropriada há um ano pelo presidente boliviano, Evo Morales.
• Caribe: por meio de um acordo regional, o Petrocaribe, fornece petróleo a 14 países caribenhos, financiando 40% de suas importações.
• China: um amplo acordo energético visa a reduzir a dependência da Venezuela do mercado americano. A China prometeu investir US$ 5 bilhões no setor na Venezuela.
• Cuba: fornece 92 mil barris diários em condições especiais.
• Irã: os dois países firmaram 11 acordos de cooperação, sobretudo na área de petróleo.
• Rússia: ao comprar 24 caças-bombardeiros, 35 helicópteros e 100 mil rifles Kalachnikov, Chávez transformou este país no maior fornecedor de armas para a Venezuela.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 30 de abril de 2007
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