A Comissão Eleitoral da Nigéria anunciou hoje a vitória do candidato governista Umaru Yar'Adua na eleição presidencial de sábado, 21 de abril. Mas a oposição, os Estados Unidos e a União Européia rejeitaram o resultado denunciando fraudes e irregularidades em grande escala. Os oposicionistas pediram a anulação do pleito.
Yar'Adua, do Partido Popular Democrático, do presidente Olusegun Obasanjo, teria obtido 24,6 milhões de votos, contra 6,6 milhões do segundo colocado, Muhammadu Buhari, do Partido Popular de Toda a Nigéria, e 2,6 milhões do vice-presidente Atiku Abubakar.
O presidente Obasanjo admitiu que "nossas eleições podem não ter sido perfeitas", mas considerou-as um passo importante para "consolidar a democracia" e defendeu o resultado final, alegando que daqui a quatro anos as oposições terão nova oportunidade para disputar o poder. "Nada deve ser feito para que o nosso povo perca a fé no processo eleitoral e no resultado democrático".
Não é essa a visão dos observadores internacionais: "Estas eleições não atenderam à expectativa do povo nigeriano", declarou Max van den Berg, chefe da missão da UE.
Apesar da derrota e de ter concorrido como opositor, Abubakar fica no cargo até a transição de governo, em maio.
A fraude no país mais populoso da África e oitavo maior exportador mundial de petróleo, reforça a visão de que as eleições africanas são "para inglês ver" e que o partido do governo ganha sempre, como me disse em 1997 o ex-ministro da Informação de Moçambique no governo Samora Machel. O chefe ganha sempre.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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