Mais do que nunca, as guerras hoje criam situações políticas e sociais complexas. Só podem ser vencidas com um misto de tecnologia e sociologia, adverte um grande especialista, o ex-comandante guerrilheiro da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), Joaquín Villalobos, que lutou nos anos 70 e 80 contra ditaduras militares em El Salvador, na América Central.
No artigo Guerreiros sem Causa, publicado hoje no jornal espanhol El País, Villalobos afirma que "a guerra do Iraque se converteu num cenário dramático onde cidadãos classe A do mundo desenvolvido combatem homens-bomba classe Z de países pobres."
Seis anos depois dos ataques de 11 de setembro de 2001, o ex-guerrilheiro salvadorenho acredita que os Estados Unidos caíram numa armadilha: "Não perceberam que era uma provocação para levar a uma reação desproporcional e agora estão presos numa guerra que não sabem como lutar e menos ainda como ganhar".
"Por mais tecnologia que se tenha", observa Villalobos, "no final, a infantaria deve ocupar o terreno". Os Rambos, que acabam cometendo ações criminosas, e soldados equipados para uma guerra entre galáxias não servem para atuar num cenário de miséria e fanatismo religioso.
Assim, além da tecnologia, os Exércitos modernos precisam da sociologia. "Para capturar bandidos isolados se necessita de uma investigação científica mas, quando a violência assume uma dimensão social, a batalha se trava sobretudo na arena política", acrescenta o ex-comandante da FMLN.
Na sua opinião, "a infantaria moderna requer trabalhadores sociais armados que saibam combater mas que sobretudo sejam capazes de interagir com o entorno social, político e cultural de seu teatro de operações. Só assim podem isolar o inimigo, só assim saberão como fazer sentir que sua presença é uma proteção e não uma ameaça, e só assim poderão se sentir lutando por uma causa pela qual valha a pena serem heróis."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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