O Irã ignorou o ultimato do Conselho de Segurança das Nações Unidas para suspender até hoje seu programa nuclear, suspeito de fabricar armas atômicas. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão da ONU, confirma: a república islâmica continua enriquecendo urânio em pequenas quantidades e impedindo o trabalho dos inspetores internacionais.
Nos Estados Unidos, o presidente George Walker Bush declarou que a sociedade internacional precisa reagir com firmeza para impedir que o Irã tenha armas atômicas: "Deve haver conseqüências", advertiu Bush. "O mundo enfrenta agora uma grave ameaça vinda do regime radical do Irã".
Diante de milhares de veteranos da Legião Americana reunidos em convenção em Salt Lake City, Bush declarou que "a guerra que lutamos hoje é mais do que um conflito militar. É a batalha ideológica decisiva do século 21", delirou.
Seu embaixador na ONU, o linha-dura John Bolton, já articula a imposição de sanções que podem incluir um embargo de equipamentos de exploração de petróleo e a proibição de que altos dirigentes iranianos viagem ao exterior. Mas há a ameaça de um veto da China ou da Rússia, que têm importantes negócios no Irã e têm interesse em reduzir a importância dos EUA no Oriente Médio.
A Europa pretende dar uma nova chance ao Irã. Na próxima semana, o supercomissário de política externa da União Européia (UE), o ex-chanceler espanhol Javier Solana, deve se encontrar com o principal negociador iraniano para a questão nuclear, Ali Larijani.
Em junho, a UE, os EUA, a China e a Rússia encaminharam uma proposta com incentivos para convencer o Irã a abrir mão de seu programa nuclear. O regime dos aiatolás só respondeu em 22 de agosto, sugerindo a realização de "negociações sérias" sem precondições, ou seja, sem parar de enriquecer urânio. Para o governo americano, isto não passa de uma manobra para ganhar tempo até atingir a capacidade nuclear.
O Irã insiste em que seu programa nuclear tem fins pacíficos e que o urânio é enriquecido a um teor que serve para usinas nucleares geradoras de energia mas não para armas atômicas. Mas é apenas uma questão de desenvolver e sofisticar a tecnologia de enriquecimento de urânio.
Por isso, o Conselho de Segurança exige, através da Resolução 1.696, que o Irã suspenda o enriquecimento de urânio antes de desenvolver a tecnologia da bomba.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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