Os suspeitos de terrorismo presos nesta semana na Inglaterra receberam uma mensagem do Paquistão ordenando um ataque imediato contra aviões na rota Inglaterra-Estados Unidos: "Ataquem agora", dizia a ordem.
Ao interceptá-la, a polícia britânica decidiu agir imediatamente, prendendo o grupo, que estava sendo vigiado há um ano. Os agentes acreditam que os atentados coordenados seriam realizados em 16 de agosto, data para a qual os terroristas estavam procurando comprar passagens aéreas.
Funcionários dos governos britânico e paquistanês informaram que dois suspeitos que estiveram no Paquistão entraram em contato com Matiur Rehman, um especialista em explosivos suspeito de ligações com Al Caeda, a rede terrorista liderada por Ossama ben Laden, que estaria refugiado nas montanhas da fronteiras entre o Paquistão e o Afeganistão.
Logo depois de voltar para a Grã-Bretanha, eles receberam dinheiro do Paquistão.
Um memorando do Departamento de Segurança Interna dos EUA revela que o telefonema foi interceptado dias antes das prisões. O memorando revela ainda que todos os 23 suspeitos que continuam presos nasceram na Grã-Bretanha e tinham boa reputação nas comunidades onde viviam.
Entre os presos, há um estudante de bioquímica, um jovem de 17 anos recém-convertido ao islamismo e um funcionário do aeroporto de Heathrow com acesso a áreas restritas.
A polícia britânica está convencida de que prendeu os líderes da célula terrorista mas admite que alguns podem estar soltos conspirando para realizar outros atentados.
A investigação começou depois dos atentados de 7 de julho do ano passado contra o metrô e um ônibus em Londres. Um membro da comunidade muçulmana levantou suspeitas sobre os conspiradores. Estas suspeitas foram então confirmadas por vizinhos dos radicais.
Os agentes secretos começaram então a monitorar ligações telefônicas, o correio eletrônico e as operações financeiras dos suspeitos para entender como evoluía a conspiração. Informações coletadas nos últimos cinco dias antes das prisões pelo MI5, o serviço secreto doméstico, indicaram que o plano estava em fase de execução.
Há apenas duas semanas, os agentes teriam descoberto que o plano envolvia a explosão no ar de aviões em rotas transatlânticas. Uma das razões seria impedir que os explosivos usados fossem identificados. O plano era levar explosivos líquidos para dentro dos aviões e detoná-los usando telefones celulares ou equipamentos de som MP3 detonadores.
O memorando do Departamento de Segurança Interna lista três tipos de explosivos que poderiam ser utilizados:
- TATP: uma mistura de acetona e água oxigenada usada nos atentados do ano passado contra o sistema de transportes urbanos de Londres. Como não contém nitrogênio, não seria detectado nos aeroportos mas é altamente instável e difícil de transformar em bomba.
- Nitroglicerina: explosivo líquido de alta potência, pode ser disfarçada com corantes. Seria usada numa conspiração d'Al Caeda em 1994 para explodir aviões saídos da Ásia com destino aos EUA,
- Uma combinação de nitrometano, combustível usado em aeromodelismo e corridas de automóveis, com um oxidante como fertilizando à base de nitrato de amônia, os ingredientes usados por terroristas americanas no ataque contra um edifício do governo federal dos EUA na Cidade de Oklahoma.
Em Berlim, as autoridades alemãs estão investigando possíveis ligações dos 24 detidos com fundamentalistas muçulmanos na Alemanha. "Aparentemente houve contatos entre os suspeitos e gente na Alemanha. Estamos conferindo", admitiu August Hanning, secretário do Ministério do Interior.
Nas últimas horas, policiais britânicos realizaram uma operação em cibercafés de Londres e de Birmingham na busca de novas provas e indícios da conspiração que pretendia realizar os atentados terroristas mais espetaculares desde 11 de setembro de 2001.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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