Em tom agressivo, o presidente da Síria, Bachar Assad, declarou hoje que o projeto dos Estados Unidos para "um novo Oriente Médio" entrou em colapso diante do sucesso da resistência da milícia xiita Hesbolá (Partido de Deus) na luta contra Israel. Ele advertiu o Estado judaico a negociar a paz ou correr o risco de "novas derrotas" no futuro.
Assad afirmou, referindo-se ao suposto sucesso do Hesbolá, que o Oriente Médio mudou "por causa das conquistas da resistência": "O projeto deles (americanos) tornou-se uma ilusão".
No final de 34 dias de conflito, com mais de mil morte, o líder do Hesbolá, xeque Hassan Nasrallah, anunciou "uma vitória histórica e estratégica", alegando que seu grupo resistiu onde grandes exércitos árabes foram derrotados.
Isto entusiasmou o líder sírio, que apóia a milícia fundamentalista xiita: "Depois de sofrer a humilhação nas últimas batalhas, suas armas não vão mais proteger vocês - nem seus aviões, mísseis e nem mesmo armas nucleares. As futuras gerações do mundo árabe encontrarão um jeito de derrotar Israel".
Apesar do bombardeio violento e implacável, Israel não conseguiu impedir que o Hesbolá disparasse 250 foguetes contra o território israelense no domingo, último dia de combates.
Bachar Assad lembrou que na invasão do Líbano de 1982 em uma semana o Exército de Israel havia sitiado Beirute. Agora, "depois de cinco semanas, Israel ainda lutava para controlar umas centenas de metros".
A Síria ocupava militarmente o Líbano desde 1976. Retirou-se no ano passado, diante dos protestos internacionais pelo assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri, atribuído a agentes sírios.
O governo sírio, aliado do Irã, é acusado pelos EUA de apoiar o Hesbolá e também a rebelião sunita no Iraque. Esta pressão internacional não impediu Assad de ameaçar Israel: "Eles devem saber que estão numa encruzilhada histórica. Ou se movem em direção da paz e do reconhecimento dos direitos dos árabes ou se movem na direção da contínua instabilidade até que uma futura geração resolva a questão".
Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou as Colinas do Golã, um território sírio posteriomente anexado, em 1981. A Síria reivindica a devolução das Colinas do Golã e defende negociações conjuntas de todos os árabes contra Israel. É contra a negociação em separado, por exemplo, entre Israel e os palestinos. Boicota o processo de paz apoiando grupos radicais contrários aos acordos de Oslo como o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), na Palestina, e o Hesbolá.
Assad reconheceu que os EUA são essenciais para a paz no Oriente Médio mas disse que isto é impossível com o presidente George W. Bush.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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