O líder da milícia fundamentalista xiita Hesbolá (Partido de Deus), xeque Hassan Nasrallah, declarou hoje que seus guerrilheiros conquistaram uma "vitória histórica, estratégica" e sem precedentes sobre Israel, e considerou "imoral, incorreta, inapropriada e no momento errado" a discussão pública sobre o desarmamento do grupo, como exige a Resolução 1.159 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ele falou 12 horas depois do cessar-fogo imposto pela ONU a partir da madrugada de hoje para acabar com uma guerra que durou 34 dias.
"Estamos diante de uma vitória histórica e estratégica, sem nenhum exagero, para todo o Líbano, a resistência e toda a nação árabe", declarou o xeque. "Saímos vitoriosos de uma guerra na qual grandes exércitos árabes foram derrotados".
Dirigindo-se aos cerca de 1 milhão de refugiados da guerra, Nasrallah prometeu começar a pagar imediatamente indenizações para as milhares de famílias que tiveram suas casas totalmente destruídas por israel: "A partir de terça-feira, vamos pagar compensações, uma certa quantia para cada família pagar o aluguel durante um ano e comprar novos móveis para as casas que foram totalmente destruídas, cerca de 15 mil. Começamos amanhã de manhã." Acrescentou que equipes do Hesbolá vão remover os escombros e começar a restaurar as casas atingidas.
Quanto ao desarmamento do Hesbolá, Nasrallah considerou-o "imoral, incorreto e inapropriado. É o momento errado do ponto de vista moral e psicológico". Alegou que a questão não pode ser resolvida "por intimidação, pressão ou provocação." Ele defendeu uma discussão do assunto dentro do governo libanês, a portas fechadas.
O líder do Hesbolá disse ainda apoiar a ocupação do Sul do Líbano pelo Exército mas argumentou que nem o Exército nem a ONU são capazes de defender o Líbano de uma nova ofensiva israelense.
Em Israel, o primeiro-ministro Ehud Olmert defendeu sua decisão de ir à guerra, alegando que o conflito mudou a face do Oriente Médio em benefício de Israel: "Não haverá mais um Estado dentro do Estado", afirmou, referindo-se ao Hesbolá e defendendo-se das críticas de que a ofensiva em massa não foi capaz de derrotar os jihadistas. Só no domingo, eles lançaram 250 foguetes contra Israel.
Nos Estados Unidos, o presidente George W. Bush declarou que o conflito faz "parte da batalha maior entre o terror e a liberdade", responsabilizando o Hesbolá pelas cerca de 1,2 mil mortes provocadas pela guerra entre Israel e o Hesbolá.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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