O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, ex-ministro do Exterior do Uruguai, denunciou ontem como uma "farsa" a decisão da Assembleia Nacional Constituinte ilegal e ilegítima da Venezuela de antecipar a eleição presidencial de 2018, que deve ser realizada até 30 de abril. Ele defendeu a imposição de sanções mais duras contra a ditadura de Nicolás Maduro.
Almagro apoiou a declaração dos 14 países do Grupo de Lima, inclusive Argentina, Brasil, Colômbia e México, as maiores economias da América Latina, em repúdio à manobra da ditadura chavista. Em nota, eles afirmaram que a decisão "impossibilita a realização de uma eleição presidencial democrática, transparente e com credibilidade".
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, advertiu que o mundo não vai reconhecer o resultado da eleição presidencial venezuelana. Os Estados Unidos apoiaram o Grupo de Lima: "Saudamos a declaração do Grupo de Lima diante da nova farsa eleitoral anunciada pelo regime da Venezuela."
Almagro afirmou que, "para sair da crise, é preciso haver eleições livres, sem candidatos e partidos proscritos, garantias para todos, observação internacional e sem presos políticos". Não existe nenhuma chance da ditadura militar chavista ou madurista, já que a deterioração geral da Venezuela é notável desde a morte do caudilho Hugo Chávez, em 2013, aceitar estas exigências.
Desde então, o produto interno bruto venezuelano caiu em um terço. A hiperinflação é estimada em mais de 2.600% ao ano e há desabastecimento generalizado de remédios e alimentos. Em dezembro de 2017, o custo da cesta básica passou de 16,5 milhões de bolívares ou 93 salários mínimos, alta de 129% em relação a novembro. Pela cotação do dólar no fim do ano, o equivalente a US$ 158.
O azeite, por exemplo, é vendido a 70,7 mil bolívares, 2.525 vezes acima do preço oficial tabelado, de 28 bolívares. Faltam nas prateleiras dos armazéns e supermercados carne de gado, carne de frango, leite em pó, leite condensado, margarina, aveia, açúcar, óleo de milho, farinha de milho, arroz, lentilhas, farinha de trigo, massa, molho de tomate, pão, queijo amarelo, sabonete, cera para assoalhos papel higiênico, toalhas sanitárias, desodorante e sabão para lavar roupa.
Diante do colapso da economia do país, Maduro decidiu antecipar as eleições para aproveitar a divisão das oposições e tentar consolidar seu poder antes da derrocada total.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
OEA chama de farsa antecipação da eleição presidencial na Venezuela
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