quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Macron aproveita trumpismo para ser interlocutor com a China

Diante do nacionalismo protecionista do presidente Donald Trump e das dificuldades da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel em formar um novo governo na Alemanha, o presidente da França, Emmanuel Macron, encerrou hoje uma visita à China onde se apresentou como o principal interlocutor ocidental do ditador Xi Jinping em questões importantes como comércio e combate à mudança do clima.

Durante a visita, Macron tentou falar mandariam, a língua oficial chinesa, prometendo "tornar o planeta grande de novo", deu um cavalo chamado Vesúvio a Xi e esteve na cidade de Xian, primeira capital da China, unificada pelo imperador Chin no fim da Guerra dos Sete Reinos, em 223 antes da Cristo.

Em oposição ao nacionalismo estridente de Trump, Macron e Xi tentaram construir uma agenda comum entre a Europa e a China. Falaram em livre comércio e advertiram para os riscos do protecionismo. Defenderam o multilateralismo e instituições internacionais como as Nações Unidas.

"Tanto o presidente Xi quanto o presidente Macron pensam de maneira diferente da filosofia de Trump 'de tornar os EUA grandes de novo',"comentou Ding Chung, diretor do Centro de Estudos Europeus da Universidade Fudan, em Xangai. "Eles acreditam na abertura e no multilateralismo."

Para o pesquisador Jen-Philippe Béja, da Faculdade de Ciências Políticas de Paris, "Macron tenta representar o Ocidente na China. Ele sabe que há riscos, mas não tenho certeza de que sabe o que é a China de Xi Jinping."

Os críticos alertam que Macron teve muita pressa ao abraçar a China, ignorando, por exemplo, as disputas territoriais com vizinhos e a construção de ilhas artificiais e bases militar no Mar do Sul da China, onde Beijim reivindica a soberania sobre 90%. Os tribunais internacionais não reconhecem a pretensão chinesa.

Macron elogiou o megaprojeto de obras de infra-estrutura para recriar as Rotas da Seda por mar e terra, estimado em US$ 1 trilhão, para ligar a China à Europa, um de seus maiores mercados. De acordo com a imprensa chinesa, a França está pronta para exercer um "papel de liderança". Macron alertou que "não pode ser uma via de mão única" que leve à hegemonia. Conhece o perigo.

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