sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

África e América Central reagem à declaração racista de Trump

O presidente Donald Trump negou ter chamado Haiti, El Salvador e os países da África de "buracos de merda", confirmada ontem pela Casa Branca. Durante negociações com líderes do Congresso sofre imigração, Trump disse ainda querer mais imigrantes da Noruega. A indignação foi generalizada, prejudicando ainda mais a autoridade dos Estados Unidos no mundo.

"A Comissão da União Africana está francamente alarmada com as declarações do presidente dos EUA quando se referiu a migrantes de países africanos e outros em termos depreciativos", reagiu a porta-voz da UA, Ebba Kalondo. "Considerando a realidade histórica de quantos africanos chegaram aos EUA durante o tráfico de escravos no Oceano Atlântico, isso vai contra todos os comportamentos e práticas aceitáveis."

Na África do Sul, a subsecretária-geral do Congresso Nacional Africano (CNA), o partido de Nelson Mandela reagiu: "Nosso país não é um buraco de merda, nem o Haiti ou qualquer outro país em sofrimento."

Um apresentador da TV sul-africana SABC escreveu no Twitter: "Bom dia do maior e mais bonito buraco de merda do mundo." O Senegal cobrou explicações do embaixador americano. No Quênia, um cartunista publicou um "mapa da África da Casa Branca" em que os nomes de todas regiões vinham acompanhados dos palavrões do presidente sem limites.

Em Genebra, o porta-voz das Nações Unidas para direitos humanos, Rupert Colville, foi menos diplomático do que de costume: "Não há outra palavra a usar a não ser racismo. Você não pode desprezar países e um continente inteiro como 'buracos de merda' onde a população não é branca."

No Haiti, Harold Isaac publicou fotos de praias maravilhosas com águas verdes com o seguinte texto: "Ei, presidente buraco de merda. Veja como parece meu buraco de merda." O embaixador americano no Panamá abandonou o cargo em protesto.

Em Miami, a imigrante haitiana e ativista social Farah Larrieux lembrou a visita que o candidato Trump fez ao Pequeno Haiti, um dos bairros mais pobres da cidade, prometeu ser "o maior campeão na defesa dos haitiano-americanos. No cargo, Trump chegou a dizer que "todos os haitianos têm aids".

Um antigo desafeto de Trump, o ex-presidente mexicano Vicente Fox atacou diretamente: "Sua boca é o buraco de merda mais sujo do mundo."

O governo da Noruega ofereceu ajuda a imigrantes noruegueses e descendentes que emigraram para os EUA, se quiserem sair do país.

Para os EUA, envolvidos numa disputa geopolítica com a China sobre influência na África, foi um tiro que sai pela culatra.

Nenhum comentário: