A campanha anticorrupção deflagrada pelo príncipe herdeiro, Mohamed ben Salman, rendeu US$ 106 bilhões ao tesouro da Arábia Saudita, noticiou hoje o jornal paquistanês Dawn. Como 56 acusados continuam presos, a arrecadação pode ser ainda maior.
Os acordos preveem o confisco de imóveis, empresas, títulos do mercado financeiro e dinheiro vivo, revelou o procurador-geral saudita, Saud al-Mojeb.
Ao, a campanha anticorrupção interrogou 381 pessoas desde 4 de novembro de 2017. Onze príncipes foram presos, inclusive Alwaleed ben Talal, considerado o homem mais rico do reino. Desde então, cerca de 130 presos foram libertados. Os 56 presos restantes devem ser processados.
Os críticos acusam o príncipe herdeiro de usar a campanha anticorrupção para perseguir seus inimigos políticos e se consolidar no poder, a exemplo do que faz o ditador da China, Xi Jinping. A defesa das autoridades sauditas é que estão criando um ambiente mais favorável aos negócios e ao investimento estrangeiro.
MbS, como o príncipe herdeiro é conhecido, por suas iniciais, tem planos ambiciosos de reforma para desenvolver a Arábia Saudita e diminuir a dependência do petróleo até 2030. Também promove uma liberalização dos costumes. Autorizou as mulheres a dirigir, aproximou-se de Israel, diminuiu o discurso antissemita e prometeu combater o extremismo muçulmano e o apoio a grupos terroristas.
Apesar das reformas, os investidores relutam em aplicar seu dinheiro na Arábia Saudita. Temem uma reação de setores da família descontentes com a ampliação dos poderes do príncipe herdeiro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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