O advogado dissidente Yu Wensheng, um dos maiores defensores da democracia e dos direitos humanos na China, foi preso hoje quando levava seu filho para a escola, dois dias depois de divulgar uma carta aberta fazendo um apelo para mudança na Constituição para tornar o país mais democrático, noticiou o jornal The New York Times.
Sua licença para advogar foi suspensa durante a semana e seu passaporte foi confiscado. Como é considerado um "risco à segurança nacional" pelo regime comunista., Yu está proibido de sair da China.
A prisão ocorre num momento em que o Partido Comunista discute a portas fechadas mudanças para fortalecer ainda mais o ditador Xi Jinping. Desde o último congresso do PC, em outubro de 2017, Xi se tornou o mais poderoso líder da China desde Mao Tsé-tung e Deng Xiaoping.
Na carta aberta, Yu declarou que o título de presidente "não tem significado eleitoral" na China e apelou aos membros do partido que votem em diferentes candidatos, não se limitando a referendar eleições com candidato único.
Yu conseguiu publicar sua mensagem no Facebook e no Twitter, mídias sociais proibidas na China. Sua mulher já esperava a reação da ditadura. Ela alegou que a Constituição garante, em tese, a liberdade de expressão. Na prática, manda o dirigente supremo do partido e do governo.
A prisão mostra que "sob Xi Jinping, não há espaço para questionar a supremacia do partido", observou Michael Caster, um advogado defender dos direitos humanos.
Na cadeia, Yu foi submetido a 17 horas de interrogatório com torturas que o deixaram com uma hérnia. Ele era um advogado comercial que ousou protestar publicamente quando foi proibido de ver um cliente preso por apoiar manifestações pela democracia em Hong Kong. Ele também apoiou advogados detidos numa onda de prisões de críticos da ditadura em julho de 2015.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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