Diante do forte impacto da crise econômica e financeira global, e da divisão do seu Partido Socialista sobre como cortar gastos e enfrentar o problema, o primeiro-ministro da Hungria, Ferenc Gyurcsány, pediu demissão no sábado, dando duas semanas ao partido para indicar um sucessor.
É o quarto governo que cai em consequencia de crise econômico-financeira global, depois da Nova Zelândia, Islândia e Letônia.
Como não há candidato forte, pode ser uma manobra para Gyurcsány ser reconduzido ao cargo. Por causa da crise econômica, sua impopularidade é enorme.
Gyurcsány chegou a defender um grande programa de estabilização pan-europeu de 180 bilhões de euros em uma reunião de cúpula da União Europeia. Mas a Alemanha sempre rejeitou um resgate financeiro de todos os países. Como maior economia da UE, teria de pagar a maior parte da conta.
Num ano eleitoral, com a produção industrial desabando e o desemprego em alta, é difícil explicar para o eleitor alemão que ele precisa cobrir rombos criados pela alavancagem da Europa Oriental. Só mesmo para salvar a UE de um colapso.
A fuga de capitais impediu a Hungria de pagar suas contas. Em outubro, ao país não conseguiu mais vender bônus para financiar sua dívida. Teve de apelar para uma ajuda de emergência de US$ 25 bilhões do FMI, do Banco Mundial e da UE.
Com a desvalorização da moeda nacional, empresas e pessoas endividadas em moedas forte não conseguem honrar seus pagamentos.
Sem sucesso nem externa nem internamente, o primeiro-ministro Ferenc Gyurcsány declarou: "Se sou um obstáculo à mudança, vou remover esse obstáculo. Cometi erros ao avaliar nosso poder e nossas possibilidades. Em momentos de grande importância, não falei claramente. Minha credibilidade ficou seriamente arranhada".
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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