Com tiros e granadas, extremistas muçulmanos atacaram hoje uma academia da polícia do Paquistão na cidade de Lahore, considerada capital cultural do país. Pelo menos 12pessoas morreram, sendo oito cadetes e quatro atacantes. Outras 50 saíram feridas. Os terroristas ainda estão atirando dentro do prédio.
A principal suspeita recai sobre os diferentes grupos de jihadistas que proliferam no Paquistão, onde a seleção de críquete do Sri Lanka foi atacada recentemente, entre outros inúmeros ataques cometidos por fundamentalistas islâmicos em que cerca de mil pessoas foram mortas nos últimos dois anos.
O grupo acusado pelo ataque de 26, 27 e 28 de novembro do ano passado contra Mumbai, na Índia, Lashkar-e-Taiba, o Exército dos Puros, acaba de invadir a Caxemira indiana, matando oito soldados do país vizinho e inimigo histórico.
Esses grupos e os talebãs do Paquistão e do Afeganistão tem o apoio do serviço secreto militar paquistanês, afirmou na semana passada o New York Times citando como fonte agentes secretos americanos (leia mais abaixo).
Os EUA estão convencidos de que setores da cúpula militar do Paquistão usam esses grupos irregulares para atacar a Índia e, no caso dos Talebã, manter a influência paquistanesa no vizinho Afeganistão, dilacerado por décadas de guerra. Para Washington, mais problemática é sua aliança com a rede terrorista Al Caeda.
Por isso, a estratégia do presidente Barack Obama para a guerra no Afeganistão muda o foco para o Paquistão. Sem acabar com essa ajuda em dinheiro, armas, munição, suprimentos militares e planejamento estratégico dada pelos militares paquistaneses a radicais muçulmanos, será impossível derrotar o jihadismo na região que Obama considera a "mais perigosa do mundo".
Está em teste a lealdade e a obediência dos militares às autoridades civis paquistanesas.
O Exército, que é quem manda de fato no Paquistão, vai acomodar o radicalismo muçulmano em suas fileiras, fechando-se para preservar o poder das Forças Armadas? Ou vai dar prioridade à aliança com os EUA e colaborar com o governo civil no desmantelamento dos grupos terroristas?
Único país muçulmano com armas nucleares, o Paquistão está à beira do abismo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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