quinta-feira, 19 de março de 2009

Câmara dos EUA taxa bônus em 90%

Por 328 votos contra 93, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou hoje uma lei para taxar em 90% dos bônus pagos a executivos de empresas salvas com mais de US$ 5 bilhões de dinheiro público.

A lei tenta abafar o escândalo provocado pelo pagamento de US$ 165 milhões de dólares em bônus pela seguradora AIG (America International Group) a executivos do setor de produtos financeiros, que derrubou a empresa, dando-lhe um prejuízo de US$ 62 bilhões no último trimestre de 2008.

Como a AIG recebeu desde setembro mais de US$ 180 bilhões, o pagamento de prêmios de produtividade com dinheiro público a executivos que afundaram a empresa foi considerado um abuso pelo governo e pela opinião pública americana.

No momento em que 12,5 milhões de americanos estão desempregados, sendo 4,4 milhões desde janeiro de 2008, quando a economia dos EUA entrou em declínio, virou um escândalo.

A maioria democrata na Câmara correu para apagar o incêndio e teve o apoio de 85 deputados republicanos e 243 democratas. Isso garantiu uma folgada vitória por mais de dois terços dos votos. Mas seis democratas e 87 republicanos votaram contra, alegando que o erro está no governo Barack Obama, que estaria supervisionando adequadamente o emprego dos US$ 700 bilhões do Programa de Eliminação de Ativos Problemáticos (TARP, do inglês).

Essa falta de controle vem do Plano de Estabilização Financeira do governo George W. Bush, feito às pressas pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, no momento de pânico do mercado, com o sistema financeiro dos EUA à beira do colapso. A maioria dos republicanos votou contra e continua contra.

"O povo disse não. Devolvam o nosso dinheiro", bradou da tribuna da Câmara o deputado democrata por Dakota do Norte Earl Pomeroy. "Quem recebeu esses cheques não tem vergonha? Vocês são profissionais perdedores e desgraçados", acrescentou, num arroubo populista.

Antes de receber dinheiro público, a AIG, que antes da crise era a segunda maior seguradora do mundo, doava generosamente para campanhas eleitorais de vários pesos pesados da política americana, inclusive Obama, Hillary Clinton e John McCain.

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