Ao acusar "brancos de olhos azuis" pela crise financeira global ontem ao receber o primeiro-ministro Gordon Brown no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou atingindo o convidado, que enfrenta uma situação política muito difícil no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte. A assessoria do primeiro-ministro tentou reduzir a importância da alfinetada de Lula dizendo que ela se destina ao público brasileiro.
Como anfitrião da conferência de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20), acuado por uma forte queda de popularidade em casa mesmo antes da crise e tendo de se submeter a eleições até a metade de 2010, Brown precisa definitivamente apresentar a reunião como um sucesso e ele como o grande articulador mundial do combate à crise. Afinal, como ministro das Finanças do governo Tony Blair (1997-2007), Brown passou anos prometendo acabar com os ciclos de euforia e depressão.
Para isso, tenta compatibilizar as posições conflitantes da Europa, que quer uma regulamentação internacional do sistema financeiro, e dos Estados Unidos, que querem regulamentações nacionais articuladas por uma supervisão global flexível e planos de estímulo fiscal para aumentar o investimento, a produção e o consumo.
A proposta de reforma do sistema financeiro americano apresentada ontem pelo secretário do Tesouro, Timothy Geithner para reformar e endurecer a regulamentação financeira dos EUA visa a fortalecer a posição americana em Londres para suportar o assédio, especialmente da Alemanha e da França, por uma instância reguladora internacional, o que me parece inaceitável do ponto de visto americano.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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