O presidente da Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o democrata Barney Frank, enviou carta à seguradora AIG (American International Group). Exige a revisão os contratos do ano passado para não pagar ou receber de volta o que pagou de bônus a seus executivos com os US$ 173 bilhões recebidos do Tesouro para não quebrar.
Se a empresa não recuar, Frank pretende propor uma lei para sobretaxar em até 90% quem recebeu esses bônus. O valor total é estimado em US$ 165 milhões.
Com mais de 70 milhões de segurados em 130 países, a AIG foi considerada grande demais para falir. Foi o pivô da crise. Além de segurar casas, automóveis, pessoas e todas as suas propriedades, também trabalha com grandes empresas, segurando de filmes de Hollywood a plataformas de petróleo contra tempestades.
Nos últimos anos, entrou na área de produtos financeiros, segurando títulos, operações de crédito e com derivativos. Foi esse setor que teve problemas.
Hoje a AIG declarou que gastou mais de US$ 100 bilhões do dinheiro público recebido com o pagamento de indenizações de seguro para bancos como o Goldman Sachs e outras instituições financeiras.
Quando a AIG virou alvo de ataques especulativos, em 15 de setembro de 2008, dia em que o banco de investimentos Lehman Brothers pediu concordata, o governo Bush recuou da posição de não salvar empresas em dificuldades.
A AIG foi a empresa que mais recebeu dinheiro do Plano de Estabilização Financeira do governo George W. Bush, de US$ 700 bilhões. Esse plano foi feito às pressas, quando a crise estourou, sem criar os mecanismos de supervisão e controle sobre como os empréstimos seriam pagos.
O escândalo dos bônus vem da era Bush mas enfraquece o presidente Barack Obama, adverte hoje o jornal The Washington Post. Reduz o apoio político e parlamentar aos planos ambiciosos do presidente.
Obama fez hoje mais um apelo ao Congresso para que aprove sua proposta orçamentária de US$ 3,6 trilhões. É difícil para deputados e senadores americanos se comprometerem com gastos desta ordem com dinheiro público no momento em que se vê que executivos que fracassaram saem da crise com os chamados paraquedas dourados.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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