Em mensagem divulgada agora há pouco, com tradução em persa, em homenagem ao Ano Novo iraniano, o presidente Barack Obama propôs a abertura de um diálogo amplo para resolver todos os problemas entre os Estados Unidos e a república islâmica do Irã.
A data coincide com o sexto aniversário da invasão do Iraque e realça a mudança da política externa americana do uso da força da era Bush para a diplomacia de Obama.
Os dois países romperam relações diplomáticas depois da revolução islâmica de 1979, quando a Embaixada dos EUA em Teerã foi ocupada durante 444 dias e 52 diplomatas foram sequestrados, de 4 de novembro de 1979 a 20 de janeiro de 1981, dia da posse de Ronald Reagan na Casa Branca.
Durante a ocupação, no governo Jimmy Carter, os EUA fizeram uma tentativa fracassada de libertar os reféns. A crise provocou sua derrota para Reagan na eleição presidencial de 1980.
Desde então, os aiatolás e a Guarda Revolucionária, que dominam o regime ditatorial iraniano, chamam os EUA de Grande Satã e o Departamento de Estado americano coloca o Irã na lista de países que apóiam o terrorismo por sua ligação com grupos como a milícia fundamentalista xiita libanesa Hesbolá.
Em janeiro de 2002, o presidente George Walker Bush fez o discurso do Estado da União em que usou a expressão "eixo do mal" para se referir ao Irã, ao Iraque e à Coreia do Norte. Seu objetivo era preparar a opinião pública americana para a invasão do Iraque, mas Teerã e Pionguiangue levaram a ameaça a sério e aceleraram seus programas nucleares.
A grande questão no momento é a forte suspeita de que o programa nuclear iraniano tem como um dos objetivos fabricar armas atômicas. No ano passado, o governo Bush teria negado a Israel armas para atacar fortalezas subterrâneas que seriam utilizadas para abrigar as instalações nuclear do Irã.
Os falcões da era Bush, capitaneados pelo vice-presidente Dick Cheney, seriam a favor de um bombardeio cirúrgico ao Irã para pelo menos atrasar o desenvolvimento do programa nuclear do país.
Tudo o que Obama não quer é uma nova guerra no Oriente Médio, ainda mais contra o Irã, um país de tradições milenares, herdeiro da antiga Pérsia, muito mais forte e populoso do que o Iraque.
Sua jogada é abrir um diálogo amplo com o regime fundamentalista iraniano. Mas o objetivo é o mesmo: impedir o Irã de ter armas nucleares.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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