Depois de três dias de combates em que pelo menos 15 pessoas morreram e outras 40 foram feridas, a milícia fundamentalista xiita Hesbolá (Partido de Deus) e seus aliados xiitas da milícia Amal (Esperança) tomaram o setor oeste de Beirute de grupos aliados ao governo cristão e sunita, dominando toda a parte muçulmana da cidade, enquanto a paz reinava no lado cristão, no leste da capital do Líbano.
O governo pró-ocidental acusou o Hesbolá de dar um golpe de Estado. Com o primeiro-ministro Fouad Siniora sob proteção em local secreto, o ministro Ahmad Fatfat acusou o Hesbolá de violar a Constituição. Ele rejeitou totalmente a exigência da renúncia do governo feita pela oposição liderada pela milícia, dizendo que só criaria um vácuo maior de poder no país, que não tem presidente há seis meses.
Duas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, nºs 1.559 e 1.701, exigem a retirada de forças estrangeiras e o desarmamento das milícias para pacificar o Líbano.
A Síria retirou suas tropas em 2004, depois de 28 anos de intervenção no Líbano. Tinha forças no país vizinho desde 1976, no início da Guerra Civil Libanesa (1975-90). Foi pressionada pela onda de protestos pelo assassinato do ex-primeiro-ministro Rafik Hariri. Outras milícias entregaram as armas, mas não o Hesbolá.
Seu líder, xeque Hassan Nasrallah, aliado da Síria e do Irã, não reconhece a autoridade da ONU para desarmá-lo. Seria apenas uma conspiração ocidental para desarmar a "resistência" libanesa. Ele acusou o governo de declarar guerra ao desmontar as redes de comunicação do Hesbolá e disse que, se o governo quiser lutar contra o Hesbolá, terá de combater, de lutar para valer, com a força das armas.
O Partido de Deus, guiado por sua missão divina, financiado e inspirado por Damasco e Teerã, não vai se extinguir nem se transformar num partido democrático.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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