No final do século passado, o crescimento da Internet criou um euforia nos Estados Unidos. Jovens ficaram milionários com empresas criadas na garagem ou no laboratório da faculdade.
A American On Line (AoL), empresa que tinha o maior número de clientes de correio eletrônico, o email, comprou uma megaempresa cultural, a Time-Warner, que publica a revista semanal de notícias mais vendida do mundo, o Time, e é dona dos estúdios de cinema Warner Brothers, inclusive dos filmes de Walt Disney.
Em maio de 2000, quando ficou claro que muitas das empresas da Internet não dariam os lucros esperados, os preços das ações dessas empresas desabaram. A economia americana entrou em recessão, isto é, passou a produzir menos riqueza do que antes. Os Estados Unidos continuaram sendo o país mais rico do mundo, mas ficaram um pouco mais pobres.
No meio dessa crise, os terroristas atacaram Nova Iorque e o Departamento da Defesa em 11 de setembro de 2001.
Para restaurar a confiança, o banco central dos Estados Unidos baixou a taxa básica de juros para 1% ao ano e passou a emprestar dinheiro aos bancos a 1,5% ao ano, abaixo da taxa de inflação. Durante meses, deu dinheiro de graça aos bancos.
Os bancos fizeram o que costumam fazer nos países ricos: emprestaram dinheiro. Primeiro, para quem podia pagar; depois, para quem tinha problemas de crédito.
Com dinheiro fácil e barato, muita gente comprou a casa própria. Isso deu trabalho a empresas de engenharia, que contrataram operários da construção civil, gerando empregos e movimentando a economia.
Quem compra casa precisa de móveis, fogão, geladeira, eletrodomésticos, televisão. Tudo isso acelerou o crescimento econômico. Para controlar o aumento de preços, o banco central americano aumentou as taxas de juros até 5,25% ao ano. As prestações da casa própria subiram na mesma proporção. Muita gente não conseguiu mais pagar.
Antigamente, quando um banco ou caderneta de poupança financiava a construção de casas, botava o dinheiro que recebia dos poupadores em casas, apartamentos e terrenos que serviam como garantia de que poderia devolver o dinheiro quando esses poupadores quisessem sacar. Se havia uma crise, o preço dos imóveis caía mas eles continuavam tendo valor porque as pessoas precisam de casas, terrenos e apartamentos.
Na última onda de euforia no mercado imobiliário, os bancos venderam títulos da dívida dos compradores da casa própria que foram comprados por outros bancos dos Estados Unidos e da Europa. Quando ficou claro que muita gente não conseguiria pagar as prestações, ninguém mais quis saber desses títulos.
De uma hora para outra, os bancos ficaram com pilhas de papel pintado que não valia mais nada. É a revelação do tamanho desse prejuízo, que já se aproxima de 300 bilhões de dólares, que provoca a crise atual.
Diante dessa perda, os bancos têm medo de emprestar dinheiro para outros bancos, para empresas e consumidores. Por isso, o banco central dos Estados Unidos começou a baixar a taxa básica de juros, que já está em 2,25% ao ano, abaixo do índice de inflação, o que ameaça gerar uma nova crise para o futuro.
Como os Estados Unidos produzem cerca de US$ 14 trilhões por ano, um quarto da riqueza gerada no mundo inteiro, e compram US$ 800 bilhões a mais do que vendem para o resto do mundo, todos os outros países são atingidos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário