Em mais uma rodada do conflito com o Reino Unido, deflagrado pelo assassinato em Londres de um ex-agente russo em novembro de 2006, a Rússia prendeu um funcionário da empresa BP-TNK, uma aliança da British Petroleum com uma empresa russa do setor de energia.
Dois irmãos, Alexander e Ilya Zaslavsky, presos em 12 de março, foram acusados de espionagem industral por "coletar informações comerciais classificadas para uma série de empresas de gás e petróleo para obter vantagens concretas sobre seus concorrentes russos".
É mais um dos métodos ditatoriais da antiga União Soviética usados pelo governo Vladimir Putin. O presidente foi diretor do Birô Federal de Segurança, sucessor da temida polícia política soviética KGB (Comitê de Defesa do Estado). Foi o BFS que efetuou as prisões.
Ambos têm dupla nacionalidade. São russos e britânicos ao mesmo tempo. Ilya trabalha para a BP-TNK. Alexander é presidente do Clube de Ex-Estudantes na Grã-Bretanha.
Seria mais um ato da ópera bufa dirigida por Putin, se não fosse trágico. É mais uma jogada do governo Putin para estatizar o setor de energia. Metade da empresa pertence à BP; o resto a três bilionários russos.
O fato da empresa ter 50% de suas ações em poder de um grupo estrangeiros é um anátema no império do czar Putin, que já botou na cadeia o então homem mais rico da Rússia, Mihail Khodorkovski, sob alegações de corrupção e fraude fiscal, crimes provavelmente cometidos por todos os novos ricos russos. Khodorkovski também cometeu o crime de financiar a oposição.
Em janeiro, o Conselho Britânico, um órgão de promoção cultural do Reino Unido, foi obrigado a fechar seus escritórios em São Petersburgo e Iekaterinburgo sob pressão do BFS.
Na Rússia, como na extinga URSS, quem manda ainda é o Kremlin e sua vasta rede de espiões.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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